Fuga à Paternidade é a Maior Causa de Violência Infantil em 2024
- Monica Stahelin
- 26 de jan.
- 3 min de leitura

Principais causas de violência contra crianças em Angola revelam um problema grave e generalizado
A fuga à paternidade foi a principal causa de violência contra crianças em Angola em 2024, com 8.064 casos registados, de um total de 18.555 alertas recebidos pelas autoridades, de acordo com o relatório da linha SOS. Este tipo de violência afeta todas as classes sociais e regiões do país, com destaque para as províncias de Luanda, Benguela, Huíla e Huambo.
Bruno Pedro, chefe do departamento de Prevenção de Violência e Proteção dos Direitos da Criança do Instituto Nacional da Criança (INAC), classificou o problema como grave, sublinhando que os dados revelam uma realidade alarmante. Para ele, a ausência do pai e, em alguns casos, o abandono materno, causam traumas profundos nas crianças, o que compromete o seu futuro como cidadãos.
"O problema é grave, pois a ausência do pai deixa marcas que podem resultar em cidadãos socialmente desestruturados", afirmou Bruno Pedro, apontando que a fuga à paternidade é a principal causa identificada nos registos de violência contra crianças.
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Embora o número de denúncias esteja a aumentar, o responsável destaca que a realidade pode ser ainda mais preocupante, pois muitos casos não são reportados. Em algumas zonas urbanas, especialmente nos bairros mais vulneráveis, observa-se um número crescente de crianças a circular desacompanhadas, expostas a riscos como rapto, tráfico, abuso sexual e acidentes.
Causas e Desafios da Fuga à Paternidade
Fatores económicos, culturais e familiares contribuem para o aumento dos casos,
segundo o INAC, as causas da fuga à paternidade incluem fatores como o desemprego, a falta de recursos financeiros, disputas de guarda e até questões culturais, como a crença em feitiçarias. Bruno Pedro revelou que, em alguns casos, até pais com níveis elevados de escolaridade se recusam a assumir a paternidade devido a crenças supersticiosas.
"É preocupante que, mesmo em famílias com boa formação, haja a recusa em assumir a paternidade devido a crenças infundadas", afirmou.
Além da fuga à paternidade, o relatório também destaca um aumento nos casos de exploração do trabalho infantil (2.875), violência física (1.722), violência psicológica (875) e violência sexual (649). O INAC apela a uma maior sensibilização e educação sobre os direitos das crianças, alertando para a necessidade urgente de combater a normalização da violência contra os menores.
Necessidade de Sensibilização e Fortalecimento das Competências Familiares
Proteger as crianças requer uma mudança cultural e a educação das famílias
"É essencial desmistificar a ideia de que a violência contra as crianças é algo normal. A falta de informação e a falta de conhecimento sobre o desenvolvimento infantil são fatores que contribuem para essa tragédia", concluiu Bruno Pedro.
Em 2024, o INAC reforçou a importância de melhorar o ambiente familiar e fortalecer as competências parentais como forma de proteger as crianças e prevenir situações de violência. A entidade continua a trabalhar em colaboração com diversos setores da sociedade, incluindo forças de segurança, para sensibilizar a população e garantir a proteção dos direitos da criança.
B.N.
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coitadas das crianças que nem pediram nascer, mas chegam cá para sofrer o abandono dos pais 😭