Mondlane denuncia PGR tentando culpá-lo pela crise pós-eleitoral
- Monica Stahelin
- 27 de jun.
- 2 min de leitura

Ex-candidato presidencial diz ser visado em mais de 30 processos judiciais e critica ausência de responsabilização das forças de segurança.
O político moçambicano Venâncio Mondlane denunciou esta sexta-feira estar a ser alvo de uma ofensiva judicial por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR), que, segundo afirma, tenta responsabilizá-lo exclusivamente pela crise que se seguiu às eleições gerais de 9 de Outubro do ano passado.
À chegada à sede da PGR em Maputo, por volta das 9h locais, Mondlane revelou já ser visado em mais de 30 processos relacionados com as manifestações pós-eleitorais. “Perdi a conta, não é? Penso que são um pouco mais de 30. São tantos, já nem tenho certeza”, declarou o ex-candidato presidencial, que voltou a ser ouvido hoje, meses após ter prestado depoimento durante mais de dez horas, em Março.
Na opinião de Mondlane, as autoridades judiciais estão a levar a cabo uma investigação tendenciosa, focando-se exclusivamente em incriminá-lo, sem levar em consideração a complexidade dos eventos e o papel de outras instituições envolvidas. “A PGR tenta desesperadamente reunir provas a propósito e a despropósito para fazer gravitar toda a crise pós-eleitoral em torno de mim, quando sabemos que isto envolve os órgãos de justiça, os órgãos eleitorais e a própria polícia, que cometeu atrocidades de todo o tipo”, criticou.
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Forte aparato policial e ruas cortadas em Maputo
A ida de Venâncio Mondlane à Procuradoria aconteceu com um forte esquema de segurança. Desde o início da manhã, diversas ruas no centro de Maputo, incluindo as que dão acesso à avenida Vladimir Lenine, foram bloqueadas para o tráfego. A área foi ocupada por numerosos agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e da polícia, todos fortemente armados.
“É incrível, não é? O tipo de honra que me têm dado é uma coisa impressionante. Este privilégio de ter uma protecção policial fora do comum… Nem a escolta presidencial da UIR teve tamanha dimensão”, ironizou Mondlane.
O político foi notificado pelo Ministério Público com a indicação de que, caso não comparecesse, poderia ser detido. Apesar de vídeos a circular nas redes sociais com apelos à mobilização popular em apoio a Mondlane, a situação manteve-se calma e sem incidentes registados até ao momento.
O ex-candidato reafirmou que desconhece os crimes de que é acusado. “Nem sequer depois das 10 horas da última vez me disseram qual era o crime. Até agora, nunca me foi dito qual é o crime que me leva à PGR.”
Mondlane não reconhece os resultados das eleições de Outubro, que atribuíram a vitória a Daniel Chapo e à Frelimo. Apesar da tensão política, encontros entre o chefe de Estado e Mondlane, realizados em Março e Maio deste ano, resultaram num compromisso mútuo pela pacificação do país.
M.S.
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