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Mulheres no Centro do Mercado de Tatuagens Clandestinas na Coreia do Sul

Mulher tatuada
Mulheres no Centro do Mercado de Tatuagens Clandestinas na Coreia do Sul © Paul Ivan Harris / BBC

Na Coreia do Sul, a tatuagem continua a ser uma prática limitada a médicos, conforme uma decisão da Suprema Corte de 1992, que a classificou como um procedimento médico. Como resultado, qualquer pessoa que faça tatuagens sem qualificação médica enfrenta severas penalidades, incluindo até cinco anos de prisão ou uma multa de até 50 milhões de wons (aproximadamente 35 mil dólares). No entanto, este cenário coloca em risco a segurança e o bem-estar de tatuadores não médicos, que representam a grande maioria no país.


Desafios Enfrentados pelas Tatuadoras

Narr, uma tatuadora que trabalhou na Coreia do Sul por dois anos, relatou uma experiência assustadora com um cliente que, após a sessão de tatuagem, tentou se exibir de maneira indevida, o que a deixou assustada e vulnerável. Ela afirmou que, devido à falta de proteção legal, não se sentiu segura para denunciar o ocorrido. A tatuadora descreve como a legislação, ao não garantir proteção para os profissionais do ramo, contribui para um ambiente onde casos de assédio e abuso podem ocorrer sem punição.


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Apesar da dificuldade em regularizar a profissão, o número de tatuadores tem aumentado consideravelmente. Estima-se que existam entre 20 mil e 30 mil tatuadores não médicos no país. Muitos enfrentam processos legais, mas um número crescente de decisões judiciais tem absolvido esses profissionais, sinalizando uma possível mudança na atitude das autoridades. Recentemente, tanto o Partido do Poder Popular (PPP) quanto o Partido Democrático da Coreia (DPK) apresentaram propostas de lei que visam legalizar a prática de tatuagens por não médicos, em uma tentativa de regularizar a profissão e oferecer proteção tanto para os tatuadores quanto para os clientes.


O Estigma Social e a Resistência Cultural

A proposta, no entanto, enfrenta forte oposição da Associação Médica Coreana (KMA), que argumenta que a tatuagem, como procedimento médico, pode representar riscos à saúde, incluindo interferência no diagnóstico de doenças graves como o câncer. A KMA defende que, caso a legislação seja alterada, deverá ser acompanhada de regulamentações rigorosas para garantir que as tatuagens sejam feitas de maneira segura e higiênica.


O estigma associado às tatuagens, especialmente entre mulheres, também é um desafio significativo. Mulheres tatuadas enfrentam preconceitos severos, sendo muitas vezes estigmatizadas como impulsivas, antissociais e sexualmente promíscuas, o que reflete as visões conservadoras sobre o papel das mulheres na sociedade. Ahn Lina, ex-tatuadora e influenciadora, compartilhou sua experiência com o abuso online que sofreu devido às suas tatuagens, o que a levou a abandonar a profissão em 2023. Ela relatou ataques verbais, além de críticas constantes à sua aparência, destacando o difícil ambiente social para mulheres com tatuagens no país.


Apesar das dificuldades, a popularidade das tatuagens entre os jovens sul-coreanos, especialmente as mulheres, tem crescido como uma forma de autoexpressão, desafiando normas culturais tradicionais. A questão está agora em debate público, com uma crescente pressão para a mudança da legislação, permitindo que os tatuadores possam exercer sua profissão de forma legal, segura e protegida.


Em meio a este cenário, as tatuadoras como Narr e Banul continuam a lutar pela regularização da profissão, ao mesmo tempo em que enfrentam o desafio de garantir sua segurança em um mercado clandestino e, muitas vezes, perigoso.


B.N.


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