Novo tratamento para leucemia é marco histórico na luta contra o cancro
- Monica Stahelin
- 16 de jun.
- 2 min de leitura

Terapia sem quimioterapia mostrou-se mais eficaz e tolerável em ensaio clínico com quase 800 doentes.
Um novo regime terapêutico para a leucemia linfocítica crónica (LLC), a forma mais comum da doença em adultos, está a ser apontado por especialistas como um "marco" na oncologia. O estudo Flair, conduzido em 96 centros de tratamento oncológico no Reino Unido, demonstrou que uma combinação de dois medicamentos direcionados superou significativamente a quimioterapia tradicional, tanto em eficácia como em tolerância.
Os resultados revelaram que, ao fim de cinco anos, 94% dos doentes tratados com a combinação de ibrutinib e venetoclax apresentavam controlo da doença, sem progressão. Em contraste, essa taxa foi de 79% entre os que receberam apenas ibrutinib e de 58% entre os tratados com quimioterapia convencional.
Medicina personalizada com melhores resultados
O ensaio incluiu 786 participantes com LLC não tratada previamente, que foram aleatoriamente divididos em três grupos: quimioterapia tradicional, monoterapia com ibrutinib ou a combinação de ibrutinib e venetoclax, com a terapêutica orientada por análises sanguíneas personalizadas.
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Ambos os medicamentos atuam sobre mecanismos específicos das células cancerígenas: o ibrutinib bloqueia os sinais de crescimento tumoral e o venetoclax inibe uma proteína vital presente nas células de LLC. Esta abordagem direcionada permitiu uma remissão mais profunda, com 66% dos doentes do grupo de combinação a apresentarem ausência de células cancerígenas na medula óssea após dois anos de tratamento – face a 48% no grupo da quimioterapia e 0% com o ibrutinib isolado.
"Mais tolerável e com impacto real na vida dos doentes"
Dr. Talha Munir, hematologista consultor e coordenador do estudo, sublinhou o potencial transformador desta abordagem: “O ensaio Flair representa um marco. Mostrámos que uma estratégia sem quimioterapia pode ser mais eficaz e melhor tolerada. Estamos a entrar numa era de medicina verdadeiramente personalizada”.
Catherine Whitfield, de 63 anos, foi uma das participantes do ensaio. Diagnosticada com LLC em 2018, decidiu aderir à investigação clínica coordenada pela Unidade de Ensaios Clínicos da Universidade de Leeds. “Três anos depois, continuo negativa para doença residual mínima. Perdi o meu marido para o cancro e temi não ver os meus netos crescer. Hoje tenho dois netos maravilhosos e uma vida saudável”, partilhou.
Dr. Iain Foulkes, da Cancer Research UK, entidade que financiou o estudo juntamente com a AbbVie e a Johnson & Johnson, destacou a importância da descoberta: “Estes resultados mostram que é possível oferecer um tratamento mais suave e direcionado para pessoas com LLC, proporcionando mais tempo de qualidade com os seus entes queridos”.
A LLC, apesar de incurável na maioria dos casos, pode ser controlada com terapêuticas adequadas. Todos os anos, surgem cerca de 4.000 novos casos desta doença no Reino Unido.
M.S.
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