Polícia derruba ‘resort’ de chefe do tráfico no Complexo de Israel
- Monica Stahelin
- 12 de mar.
- 2 min de leitura
A Polícia Militar do Rio de Janeiro realizou, na manhã desta terça-feira (11/03), uma operação de grande escala no Complexo de Israel, na Zona Norte, com o objetivo de demolir construções ilegais associadas ao tráfico de drogas. A ação foi direcionada para o luxuoso “resort” construído pelo chefe do tráfico, Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, e outras infraestruturas irregulares que funcionavam sob seu comando.
Luxuoso ‘resort’ construído em área protegida
O complexo, apelidado de "Resort Green", estava localizado em uma área de preservação ambiental e era um dos símbolos do domínio de Peixão sobre a região. Entre as instalações do luxuoso espaço estavam uma piscina, uma área de churrasco, ambientes climatizados e uma academia particular. As estruturas irregulares não só ocupavam áreas protegidas, como também alteravam o curso de um rio local, o que motivou ainda mais a intervenção das autoridades.
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A operação contou com a participação de equipes das polícias Civil e Militar, que cumpriram mandados de busca e apreensão em imóveis ligados ao traficante. Para derrubar o “resort”, máquinas pesadas foram usadas, destruindo as construções que representavam uma clara afronta à legislação ambiental e urbanística.
Símbolos religiosos e poder bélico
Peixão, chefe do tráfico nas comunidades de Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Cinco Bocas e Pica-Pau, é associado ao Terceiro Comando Puro (TCP), um dos grupos criminosos mais poderosos do estado. A ação policial também visou destruir construções com a Estrela de Davi, símbolo que o grupo usa como marca. Os traficantes adotaram símbolos bíblicos e judaico-cristãos para marcar seu território, com bandeiras de Israel espalhadas pelas favelas sob seu domínio.
Desde 2016, Peixão, que permanece foragido, tem controle absoluto sobre essas comunidades, e o local é conhecido por seu forte poder bélico e pela implementação de um rígido sistema de vigilância, com câmeras de segurança e pontes construídas entre as comunidades para facilitar o tráfego do tráfico de drogas.
Intolerância religiosa e perseguição a cultos afro-brasileiros
Peixão, que antes era conhecido como Alvinho, passou por uma conversão religiosa para o evangelismo, adotando posturas de intolerância religiosa no Complexo de Israel. Relatos de moradores indicam que terreiros de religiões de matriz africana foram proibidos, imagens de santos removidas e cultos afro-brasileiros foram extintos à força. Além disso, o traficante foi investigado por ordenar ataques a espaços religiosos de origem africana em Duque de Caxias, sua cidade natal, através de um grupo criminoso autodenominado Bonde de Jesus.
A operação de hoje representa uma ação decisiva contra a expansão do tráfico de drogas e das construções ilegais no Rio de Janeiro, enfraquecendo o poder de um dos criminosos mais procurados do estado e reforçando o combate à criminalidade nas favelas cariocas.
M.S.
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