Rui Moreira rompe com a Diocese do Porto e retira apoios à Igreja
- Beatriz S. Nascimento
- 3 de mai.
- 2 min de leitura

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, anunciou o fim de todos os apoios financeiros à Igreja Católica até ao final do seu mandato, em rutura com o bispo do Porto, D. Manuel Linda, na sequência da permuta de habitações da Diocese com uma empresa privada sem consulta prévia ao Município.
Nos últimos quatro anos, a autarquia portuense transferiu cerca de um milhão de euros para a Igreja, incluindo apoios regulares à Obra Diocesana. No entanto, a recente transacção de 15 casas do bairro das Eirinhas, no Bonfim, com a construtora José Salgado & Mário Moreira, Lda., em troca de um apartamento T0 avaliado em 230 mil euros, sem qualquer aviso ou direito de preferência concedido ao Município, levou à ruptura entre o executivo camarário e o líder eclesiástico.
“Prefere fazer negócio com privados”
Numa carta enviada ao núncio apostólico em Portugal, datada de 29 de Abril e à qual o Jornal de Notícias teve acesso, Rui Moreira critica o comportamento do bispo e sugere que, doravante, os apoios sejam procurados junto dos privados com quem a Diocese “prefere fazer negócio”. O autarca recorda ainda que a cidade e a Diocese sempre mantiveram uma “relação complexa”, mas sublinha ter procurado uma postura de colaboração com os anteriores bispos.
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Moreira não esconde a indignação com a resposta que recebeu do bispo à carta enviada em Março, considerando-a “insultuosa” e “vazia de conteúdo”. O autarca acusa D. Manuel Linda de ter ignorado o apelo para que, em futuras transações, o Município fosse tido em conta, reforçando que a Câmara “não visa lucros imobiliários, mas sim garantir o direito à habitação”.
Ruptura institucional
A tensão foi tornada pública na reunião do executivo municipal de 23 de Abril, onde Rui Moreira declarou que não aprovará “nenhuma deliberação que contribua com qualquer tostão para a Igreja Católica”. Em 2024, a Câmara já transferiu cerca de 70 mil euros para a Obra Diocesana, que deverá ainda receber mais 166 mil euros, num total anual de 234 mil euros.
A Obra Diocesana, que opera em instalações municipais cedidas a título gratuito em várias freguesias — incluindo Aldoar, Campanhã, Foz, Lordelo do Ouro e Paranhos —, tem beneficiado de apoios para manter serviços como o ATL no Lagarteiro e obras de requalificação de imóveis.
Apesar do histórico de colaboração com anteriores líderes da Diocese, Rui Moreira considera que a recente permuta de imóveis “compromete o direito à habitação de pessoas humildes” e defende que a autarquia deve ser parte activa em decisões que envolvem património habitado e pertença do Município.
B.N.
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