Terror em Cabo Delgado: agricultores abandonam campos com medo
- Monica Stahelin
- 4 de jun.
- 2 min de leitura

Agricultores das aldeias de Novo Cabo Delgado, Chitoio e Litandacua, situadas no distrito de Macomia, no norte de Moçambique, têm abandonado os seus campos agrícolas devido à presença suspeita de grupos terroristas na região. As populações locais, que cultivam sobretudo tabaco e hortícolas junto às margens do rio Messalo, reportaram movimentos estranhos desde domingo, segundo fontes da Força Local.
“Recebemos queixas da população e estamos a averiguar, mas tudo indica que são eles [os terroristas]. Estamos a trabalhar para que a ordem se mantenha”, referiu uma fonte oficial a partir de Macomia. A ameaça tem levado a que a produção agrícola nas aldeias vizinhas também seja deixada por receio de incursões rebeldes.
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Recrudescimento da violência e impacto no desenvolvimento regional
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado enfrenta uma rebelião armada associada a movimentos extremistas ligados ao Estado Islâmico. A violência já provocou mais de um milhão de deslocados e, só em 2024, registaram-se pelo menos 349 mortos em ataques, um aumento de 36% relativamente ao ano anterior, segundo o Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica norte-americana.
Recentemente, o grupo extremista reivindicou um ataque a um acampamento militar em Macomia, alegando a morte de pelo menos 10 soldados e a destruição do local, além de outro ataque semelhante em Muidumbe com 11 mortos. Estes ataques têm aumentado em intensidade, coincidindo com os planos da petrolífera TotalEnergies para retomar o megaprojeto de produção de Gás Natural Liquefeito, avaliado em 20 mil milhões de dólares.
Além de Cabo Delgado, em abril houve ataques em reservas na província vizinha de Niassa, e em maio um navio oceanográfico russo sofreu um ataque armado na zona marítima de Cabo Delgado, evidenciando a escalada da insegurança na região.
M.S.
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