Trump Invoca Lei de 1798 para Deportar Venezuelanos para El Salvador
- Monica Stahelin
- 17 de mar.
- 3 min de leitura

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recorreu à histórica Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para deportar centenas de criminosos venezuelanos e membros de gangues, após uma decisão judicial suspender temporariamente uma ordem de expulsão.
Neste domingo, El Salvador recebeu 238 supostos membros da organização criminosa venezuelana Tren de Aragua e 23 integrantes da gangue Mara Salvatrucha (MS-13), incluindo dois líderes. A ordem de deportação foi emitida por Trump, que declarou esses indivíduos como “inimigos estrangeiros” de acordo com a lei de mais de dois séculos, e com o intuito de combater o crime organizado. Contudo, a ordem foi suspensa na véspera, mas os aviões com os detidos já estavam a caminho do país centro-americano.
Transferência e Condições de Detenção
A transferência dos detidos foi filmada e mostrada nas redes sociais pelo presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que detalhou como os prisioneiros foram recebidos no Aeroporto Internacional de El Salvador, algemados e transportados para o Centro de Confinamento de Terrorismo (Cecot), uma prisão de segurança máxima recentemente inaugurada. Os prisioneiros, ao chegarem à unidade, foram obrigados a se ajoelhar, enquanto os agentes penitenciários realizavam raspar suas cabeças.
Publicidade
Os detentos foram encaminhados para um regime rigoroso, com a promessa de que permanecerão na prisão por um período de um ano, renovável. Bukele também comentou sobre o acordo com os Estados Unidos, destacando que a operação é benéfica para El Salvador, que recebe o pagamento de uma tarifa mais alta para manter os prisioneiros, enquanto os EUA pagam um valor mais baixo.
Críticas e Controvérsias sobre o Regime
O Cecot, uma das maiores prisões da América Latina, foi criticado por grupos de direitos humanos devido ao seu tratamento severo dos presos e à falta de mandados judiciais para o encarceramento de milhares de indivíduos, muitos dos quais são inocentes. A prisão abriga atualmente membros da MS-13 e da gangue rival Barrio 18, e a sua capacidade de 40.000 detentos é uma das maiores da região.
Para o criminologista salvadorenho Misael Rivas, essa transferência representa uma oportunidade para Bukele demonstrar a sua capacidade de ajudar um aliado importante, mas também levanta questões sobre as condições de detenção e a falta de transparência no processo.
O Papel de El Salvador na Gestão de Deportações
El Salvador, que tem uma relação próxima com os EUA, especialmente no combate ao crime organizado, foi o único país da América Central a aceitar a transferência dos prisioneiros. Enquanto outros países da região, como Guatemala, Panamá e Costa Rica, concordaram em servir como “ponte” para os migrantes deportados, El Salvador foi o único a aceitar prisioneiros, num acordo que tem gerado reações mistas.
A deportação de membros do Tren de Aragua, organização criminosa venezuelana envolvida em uma série de crimes violentos, é parte de uma série de medidas de combate ao crime organizado adotadas pelos Estados Unidos, que, em fevereiro, incluíram o grupo na sua lista de organizações terroristas.
Expansão e Impacto do Tren de Aragua
Formado em 2014 na prisão de Tocorón, na Venezuela, o Tren de Aragua está associado a atividades ilícitas, como assassinatos, tráfico de drogas, prostituição, extorsão e tráfico de pessoas. A organização tem expandido suas atividades para diversos países da América Latina, incluindo Colômbia, Chile e Peru, e até mesmo os Estados Unidos.
A transferência dos detidos para El Salvador também levanta questões sobre os impactos nas relações diplomáticas e a forma como os países da América Central estão lidando com a crescente pressão dos EUA para combater o crime organizado na região.
M.S.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal da Globe News
Comentários