Angola Defende Justiça e Reparações para Povos Africanos Escravizados
- Monica Stahelin
- 6 de mai.
- 2 min de leitura

A secretária de Estado para os Direitos Humanos e Cidadania de Angola, Antónia Cruz Yaba, defendeu esta semana, em Banjul, Gâmbia, a urgência de justiça histórica e reparações em favor dos povos africanos e das suas diásporas.
O apelo foi feito durante a 83.ª Sessão da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (CADHP), que decorre até à próxima terça-feira.
Em nome dos Estados Partes da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, a dirigente sublinhou a importância de um posicionamento unificado do continente em instâncias internacionais.
“Precisamos falar a uma só voz, até que sejamos ouvidos e reconhecidos como o continente Berço da Humanidade, que reivindica a dignidade e o respeito que lhe são devidos”, afirmou.
Durante a sua intervenção, Antónia Yaba recordou a importância da Conferência Pan-Africana sobre Reparações realizada em 1993, na Nigéria, cuja Declaração de Abuja representou o primeiro consenso político africano sobre o tema. A responsável destacou este marco como o ponto de partida para o conceito de justiça transicional, orientado para a reconciliação, a responsabilização e a reparação das vítimas de injustiças históricas, como a escravatura e o colonialismo.
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A dirigente defendeu ainda o resgate do património histórico africano disperso por vários continentes, sublinhando que esta recuperação é essencial para valorizar a diversidade cultural africana e preservar a memória colectiva dos seus povos.
Contradições entre riqueza natural e pobreza estrutural
Num tom crítico, a secretária de Estado apontou o contraste entre a abundância de recursos naturais no continente e os elevados níveis de pobreza que continuam a afetar as populações.
“Apesar de deter cerca de 30% das reservas minerais do mundo e 65% das terras aráveis, África permanece economicamente desfavorecida, pois os seus recursos beneficiam, sobretudo, Estados terceiros”, lamentou.
Angola destaca-se na liderança continental
Antónia Yaba aproveitou a ocasião para realçar o papel de Angola na presidência rotativa da União Africana, liderada pelo Presidente João Lourenço. Destacou ainda a recente participação do ministro das Relações Exteriores, Téte António, num evento especial em Nova Iorque, dedicado ao vínculo entre africanos e comunidades nativo-americanas – actividade inserida nas prioridades da actual liderança angolana na organização continental.
Ao concluir o seu discurso, a secretária de Estado reafirmou o compromisso de Angola com os princípios e objectivos da União Africana, associando-se ao lema da sessão da CADHP: “Justiça para os Afrodescendentes e as Pessoas de Ascendência Africana através de Reparações.”
M.S.
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