Brasil avança no IDH com melhorias na saúde e na renda
- Monica Stahelin
- 6 de mai.
- 3 min de leitura

O Brasil apresentou uma melhoria expressiva no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ao subir cinco lugares na classificação mundial elaborada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O país alcançou o 84.º lugar com um IDH de 0,786, superando pela primeira vez a média da América Latina e Caraíbas (0,783).
Os dados constam do mais recente relatório divulgado pela organização, que avalia o bem-estar da população com base em indicadores como rendimento per capita, esperança de vida e anos de escolaridade.
Em 2022, o Brasil ocupava a 89.ª posição, com um índice de 0,760. A melhoria no desempenho deve-se, essencialmente, a progressos nas áreas da saúde e do rendimento, enquanto os indicadores de educação permanecem estagnados, sinalizando desafios persistentes no sector.
Apesar do progresso, o país continua atrás de vizinhos como o Chile (45.º), Argentina (47.º), Uruguai (48.º), Peru (79.º) e Colômbia (83.º). O topo da lista é liderado pela Islândia, com um IDH de 0,972, seguida da Noruega e da Suíça, ambas com 0,970.
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Mercado de trabalho e saúde impulsionam subida brasileira
O relatório do PNUD destaca que a recuperação do mercado de trabalho no Brasil — com uma das taxas de desemprego mais baixas da sua série histórica — e a mitigação dos efeitos mais severos da pandemia contribuíram fortemente para a subida no ranking. O aumento da formalização do emprego e a resposta do sistema de saúde ao impacto da covid-19 são apontados como factores determinantes.
“O progresso que vimos em países como o Brasil é encorajador, especialmente num cenário global em que o crescimento do IDH desacelera”, afirmou Achim Steiner, administrador do PNUD.
Relatório global alerta para desaceleração e novas desigualdades
O documento, no entanto, alerta para uma travagem inédita no crescimento do IDH global. Fora os anos mais críticos da pandemia, 2023 registou o menor avanço da história do índice. A principal explicação reside na estagnação da esperança de vida, que antes da crise sanitária aumentava cerca de três meses por ano e agora evolui a metade desse ritmo. Conflitos armados, crises económicas e instabilidade geopolítica são factores que agravam esta tendência.
De acordo com Pedro Conceição, director do relatório, os países com menor nível de desenvolvimento estão a ser sistematicamente deixados para trás, uma tendência que se mantém há quatro anos consecutivos. Entre os entraves ao progresso, são apontadas as crescentes tensões comerciais e políticas protecionistas que afectam o comércio e a estabilidade económica global.
Inteligência Artificial como ferramenta de desenvolvimento
O relatório salienta ainda o papel promissor da Inteligência Artificial como catalisador do desenvolvimento humano. Dados recolhidos em 21 países revelam que 20% da população já utiliza a tecnologia e 60% acreditam nos seus efeitos positivos. Este optimismo é ainda mais acentuado em países com IDH médio ou baixo, onde atinge os 70%.
“Com políticas adequadas e centradas nas pessoas, a Inteligência Artificial pode tornar-se uma ponte essencial para novas competências e ideias, beneficiando desde agricultores a pequenos empresários”, defendeu Conceição.
Os resultados do Brasil são vistos como um sinal de recuperação num contexto global adverso. No entanto, o relatório reforça que, para alcançar patamares mais elevados de desenvolvimento humano, o país terá de investir com mais ambição no sector da educação — ainda o principal entrave à melhoria do seu desempenho global.
M.S.
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É animador ver o Brasil avançando no IDH, especialmente com os progressos na saúde e no mercado de trabalho.