Brasil nega relação entre asilo a Nadine Heredia e Lava Jato
- Beatriz S. Nascimento
- 21 de abr.
- 2 min de leitura

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou qualquer ligação entre o asilo diplomático concedido à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, e as investigações da operação Lava Jato, actualmente desactivada no Brasil, mas ainda em curso em território peruano.
Segundo o Poder360, o Executivo brasileiro assegurou que a concessão do asilo foi fundamentada em razões humanitárias. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu inclusive o uso de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar Heredia, sublinhando que tal medida foi "a única forma" de garantir a segurança da ex-primeira-dama e do seu filho menor de idade.
Críticas internas e tensões diplomáticas
A decisão provocou críticas tanto de sectores da oposição brasileira como da imprensa peruana. Nas redes sociais, o ex-presidente Jair Bolsonaro levantou a hipótese de que o asilo a Heredia poderia ter como intuito impedir uma possível delação premiada, que, segundo ele, poderia envolver e prejudicar figuras políticas de outros países da América Latina.
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A Secretaria de Comunicação Social (Secom) refutou veementemente as alegações de que Lula teria intercedido directamente junto ao governo peruano para apressar a emissão do salvo-conduto que permitiu a saída da ex-primeira-dama da embaixada brasileira em Lima.
“Não é verdade que o presidente Lula tenha feito qualquer contacto com integrantes do governo do Peru relativamente a este processo”, afirmou a Secom.
A chegada de Nadine Heredia a Brasília ocorreu na manhã de quarta-feira, 16 de Abril, após a formalização do pedido de asilo, no dia anterior. O Brasil baseou-se na Convenção de Asilo Diplomático de Caracas, de 1954, da qual tanto o Brasil como o Peru são signatários.
Lava Jato no Brasil e no Peru
O casal Heredia-Humala enfrenta condenações de 15 anos de prisão por branqueamento de capitais relacionados com financiamento ilícito da campanha presidencial de 2011. A investigação envolve pagamentos indevidos por parte da construtora Odebrecht, actualmente denominada Novonor.
A oposição brasileira aproveitou o episódio para reavivar a associação do presidente Lula às investigações da Lava Jato, operação na qual o petista chegou a ser condenado e preso. Contudo, todas as condenações foram posteriormente anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), com base na parcialidade do então juiz Sergio Moro e em questões de competência territorial. Ainda assim, juristas sublinham que as decisões não constituem absolvições de mérito.
A operação Lava Jato teve grande repercussão no Peru, atingindo quatro antigos presidentes e outras personalidades de destaque na política nacional. Marcelo Odebrecht, ex-líder da construtora que deu nome à investigação, afirmou ter apoiado financeiramente campanhas de vários políticos peruanos, incluindo Alejandro Toledo, Alan García, Ollanta Humala e Keiko Fujimori.
Apesar das alegações de motivação política, o Palácio do Planalto reiterou que todo o processo relativo ao asilo foi conduzido dentro dos parâmetros diplomáticos e legais, sem qualquer interferência directa do presidente brasileiro.
B.N.
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