Congoleses em Angola manifestam preocupação com conflito na RDC
- Monica Stahelin
- 21 de fev.
- 2 min de leitura

A crescente intensificação do conflito na República Democrática do Congo (RDC) tem gerado grande preocupação entre os cidadãos congoleses residentes em Angola. A maioria dos imigrantes congolenses, que vive principalmente em zonas periféricas da capital angolana, como Cazenga, Cacuaco e Kilamba Kiaxe, mostra-se apreensiva com os rumos da guerra, embora as opiniões sobre as razões do conflito variem bastante.
No entanto, em conversas informais, é possível perceber que, embora muitos se recusem a falar abertamente sobre política, o conflito é um tema dominante nos seus estabelecimentos comerciais e também nas conversas diárias. As declarações são, na sua maioria, dadas sob anonimato, e as razões apontadas para o prolongamento da guerra remontam à independência do Congo em 1960. Para alguns, os conflitos começaram logo após a independência, quando Patrice Lumumba procurou uma autonomia plena, mas foi impedido pelos belgas, o que, segundo eles, acirrou as tensões no país.
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A guerra no leste da RDC e as divisões sobre a solução
Nos últimos anos, a situação no leste da RDC piorou significativamente, com os rebeldes do M23, supostamente apoiados por Ruanda, a tomarem as capitais das províncias de Kivu do Norte e do Sul. O M23 exige que o governo congolês cumpra o acordo firmado em 2013, mas, enquanto alguns consideram que a exigência é legítima, outros defendem que a solução para o conflito deve ser alcançada sem a utilização da força. “Se sabem que têm razão, podemos fazer a política pacificamente, sem guerra”, afirma um dos entrevistados.
Outro cidadão sugere que, para salvar o país, a RDC deveria optar pela militarização. “Temos de militarizar o país, para não perdermos o que é nosso”, opina, enquanto outros apontam que o envolvimento de potências ocidentais, como França, Alemanha e Bélgica, visa apenas a exploração da riqueza congolesa.
A mediação de Angola e o papel de João Lourenço
Angola tem desempenhado um papel de mediação no conflito, através da criação do Roteiro de Luanda, mas os resultados têm sido insuficientes. Embora o governo angolano tenha anunciado um cessar-fogo no leste da RDC no ano passado, a violência ressurgiu meses depois. Em recente entrevista, o Presidente de Angola, João Lourenço, que agora preside a União Africana, reiterou o compromisso com a paz no continente.
Cláudio Fortuna, investigador do Centro de Estudos Africanos da Universidade Católica de Angola, considera que é fundamental que Lourenço tenha a autoridade necessária para convocar o M23 para as negociações, já que o grupo rebelde é considerado o núcleo da questão. “Se não conseguir trazer o M23 à mesa, o fim do conforto será cada vez mais adiado”, conclui Fortuna, sublinhando a complexidade da situação e a necessidade de uma mediação eficaz para alcançar a paz duradoura na RDC.
M.S.
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