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Espionagem da Abin Gera Crise Diplomática e Suspende Negociações

Chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez, em coletiva de imprensa sobre suposta invasão da Abin
Espionagem da Abin Gera Crise Diplomática e Suspende Negociações © Reprodução/Youtube

A revelação de uma operação de espionagem conduzida pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra autoridades paraguaias gerou uma crise diplomática entre Brasil e Paraguai. O caso foi confirmado pela Polícia Federal e levou à convocação do embaixador brasileiro em Assunção para prestar esclarecimentos. Além disso, o governo paraguaio suspendeu as negociações sobre o Tratado de Itaipu, que regula a divisão da energia elétrica gerada pela usina binacional.


A operação de espionagem teria ocorrido em maio de 2024 e envolvido uma invasão hacker aos sistemas informáticos das autoridades paraguaias. O objetivo da ação seria obter informações sigilosas relacionadas à negociação das tarifas da usina de Itaipu, cuja energia excedente é comercializada entre os dois países. De acordo com depoimentos de servidores da Abin à Polícia Federal, a operação foi autorizada durante o governo de Jair Bolsonaro, mas contou com a anuência do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, no governo Lula.


A ação, que utilizou um software de invasão chamado Cobalt Strike, teve como alvos autoridades diretamente envolvidas nas negociações de tarifas da usina. A operação foi executada a partir de servidores virtuais no Chile e no Panamá, e as informações obtidas, como senhas e dados sensíveis, visavam influenciar as negociações financeiras.


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A espionagem foi divulgada pelo jornalista Aguirre Talento e gerou forte repercussão tanto no Brasil quanto no Paraguai. O governo paraguaio, que considerou a invasão uma violação do direito internacional, suspendeu imediatamente as negociações sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu, que trata da venda de energia excedente para o Brasil.


Repercussões Diplomáticas e Ameaça às Relações Bilaterais

A crise diplomática resultante da espionagem levou o governo paraguaio a convocar o embaixador brasileiro para prestar explicações. O vice-chanceler paraguaio, Víctor Verdún, formalizou a cobrança por esclarecimentos através de uma nota oficial, enquanto o presidente paraguaio, Santiago Peña, anunciou uma investigação sobre a possível intrusão em seus sistemas.


Em resposta, o Itamaraty reconheceu a operação de espionagem, mas atribuiu a responsabilidade ao governo Bolsonaro. O Ministério das Relações Exteriores informou que a operação foi autorizada durante o governo anterior, em junho de 2022, mas foi interrompida pela atual gestão da Abin em março de 2023, logo após Luiz Fernando Corrêa assumir o cargo de diretor da agência. O governo brasileiro, portanto, negou que o presidente Lula tenha dado aval à operação.


A Espionagem e as Negociações sobre Itaipu

O Tratado de Itaipu, assinado em 1973, rege a divisão da energia elétrica gerada pela usina binacional entre Brasil e Paraguai. O Paraguai, com uma demanda interna menor, vende a energia excedente para o Brasil. Em 2023, iniciou-se uma negociação sobre a revisão das tarifas de energia, com o Paraguai pressionando por um aumento no valor pago pelo Brasil. No entanto, um acordo foi alcançado em 2024, com o Brasil concordando em aumentar o pagamento, mas em um valor inferior ao que o Paraguai exigia.


A operação de espionagem ocorreu em um contexto de disputas comerciais sobre as tarifas de Itaipu e levantou dúvidas sobre o uso de informações sigilosas para influenciar o resultado das negociações. O governo paraguaio agora exige esclarecimentos sobre a violação dos seus sistemas e suspendeu as negociações até que uma explicação satisfatória seja fornecida.


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Próximos Passos e Investigações

O governo paraguaio anunciou que a investigação sobre o caso continuará, enquanto as autoridades brasileiras, por meio da Polícia Federal, seguem apurando o envolvimento da Abin na operação. A crise diplomática gerada pelo caso ameaça afetar as relações bilaterais entre os dois países e prejudicar futuras negociações sobre temas sensíveis, como o Tratado de Itaipu e outros acordos de cooperação energética.


A espionagem também reabre questões sobre a atuação da Abin, especialmente no que se refere ao uso da agência em operações politicamente sensíveis. A investigação da Polícia Federal sobre a "Abin paralela" durante o governo Bolsonaro e a possível continuidade de práticas de espionagem no governo Lula colocam em xeque a transparência e a legalidade das ações da agência.


M.S.


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