EUA impõem tarifa de 245% sobre produtos chineses sem aviso prévio
- Monica Stahelin
- 16 de abr.
- 3 min de leitura

A Casa Branca divulgou esta terça-feira, 15 de abril, um documento oficial que surpreendeu ao anunciar a aplicação de tarifas de até 245% sobre produtos provenientes da China. Segundo as autoridades dos Estados Unidos, a medida foi uma reação direta às represálias adotadas pela China. No entanto, foi implementada sem qualquer aviso prévio e sem esclarecimentos sobre os critérios utilizados para determinar o valor da nova tarifa.
O anúncio representa um novo avanço na escalada de tensão da disputa comercial entre as duas principais potências económicas globais. O documento, publicado no site oficial da presidência dos Estados Unidos, destaca as principais diretrizes da política económica e comercial da administração Trump, sublinhando que as tarifas visam “nivelar o campo de atuação” e “proteger a segurança nacional” do país.
Escalada de tarifas e retaliações
A nova tarifa é o culminar de uma escalada iniciada no dia 2 de abril, quando Donald Trump declarou o chamado “Dia da Libertação” (“Liberation Day”) e impôs uma tarifa generalizada de 10% sobre mais de 180 países. Na mesma ocasião, foram também implementadas tarifas recíprocas específicas para países com os quais os EUA registam maiores défices comerciais — chegando a atingir os 50%.
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Segundo a Casa Branca, mais de 75 países já manifestaram interesse em renegociar os seus acordos comerciais com os Estados Unidos. Para facilitar o avanço dessas negociações, Trump anunciou, a 9 de abril, uma “pausa” nas tarifas específicas, mantendo apenas a taxa de 10% durante 90 dias. Contudo, a China foi excluída dessa medida de alívio.
Pequim respondeu à ofensiva norte-americana com o aumento das tarifas sobre importações dos EUA. A retaliação levou Washington a aplicar uma nova taxa adicional de 50%, que elevou a carga tributária total sobre os produtos chineses para 104%.
Pequim reage e confronto intensifica-se
A escalada continuou com a China a aumentar as tarifas sobre produtos americanos de 34% para 84%. Em resposta, Trump reforçou novamente a política tarifária contra Pequim, elevando as taxas para 125%. Segundo a Casa Branca, esta nova taxa acumulou-se aos 20% anteriormente aplicados, atingindo um total de 145%. A China reagiu na mesma medida, com uma tarifa equivalente de 125% sobre produtos dos EUA.
O novo anúncio desta terça-feira leva a taxa total sobre bens chineses para 245%, sem que os EUA tenham divulgado publicamente a metodologia usada para definir esse valor.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, reagiu em conferência de imprensa, afirmando que “devem perguntar ao lado americano o valor específico das tarifas”, acrescentando que a China manterá a sua posição.
EUA dizem estar abertos ao diálogo
Apesar do endurecimento da política tarifária, a administração Trump afirma continuar aberta à negociação. A secretária de imprensa da Casa Branca, Katherine Leavitt, reforçou essa intenção:
“O presidente deixou bem claro que está disposto a fazer um acordo com a China, mas a China também precisa querer fazer um acordo com os EUA.”
Ainda não é claro qual será o próximo passo na disputa comercial. No entanto, analistas alertam que a nova tarifa poderá ter impactos significativos nas cadeias globais de abastecimento e no comércio internacional, acentuando ainda mais a incerteza económica global.
M.S.
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