Europa exige novo rumo na liderança global após crise com Trump
- Beatriz S. Nascimento
- 2 de mar.
- 3 min de leitura

Após uma acesa troca de acusações entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, afirmou que "o mundo livre precisa de um novo líder" e destacou a responsabilidade dos europeus em assumir esse desafio. As declarações surgem em um contexto de crescente mal-estar entre os aliados históricos, após o comportamento controverso de Trump, que sugeriu que a Ucrânia deveria ceder territórios à Rússia e desistir de integrar a NATO, o que gerou indignação nas capitais europeias.
A crise intensificou-se na sexta-feira, quando o confronto entre Trump e Zelensky na Casa Branca expôs profundas divergências nas estratégias ocidentais para lidar com a guerra na Ucrânia. Enquanto Trump provocava o presidente ucraniano com comentários irônicos sobre sua vestimenta e postura, o debate mais amplo se tornou uma evidência de uma possível reorientação da política externa dos EUA em relação à Ucrânia.
Reações europeias: apoio à Ucrânia e a busca por uma nova liderança
Em Londres, uma reunião de emergência reúne representantes de 16 países, a UE e a NATO para discutir a defesa do continente europeu. Um novo encontro, agendado para quinta-feira, visa estabelecer uma posição comum dos 27 países da UE para futuras negociações com os russos. Este movimento ocorre em resposta à crescente frustração da Europa, que vê em Trump uma tentativa de minar a autonomia da Ucrânia e da própria União Europeia na busca por soluções para o conflito.
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Além de se opor às declarações de Trump, os líderes europeus começaram a buscar alternativas para garantir a segurança e a estabilidade do continente. O presidente francês, Emmanuel Macron, tentou intermediar a crise, com chamadas tanto a Trump quanto a Zelensky. No Reino Unido, o presidente ucraniano recebeu apoio substancial, incluindo a promessa de um novo pacote de ajuda militar de 2,2 bilhões de libras esterlinas.
A pressão sobre a liderança europeia também se intensificou com a resposta de líderes alemães, como a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, que pediu ao governo de Berlim a liberação de 3 bilhões de euros para a defesa ucraniana. Além disso, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, que se reuniu com líderes sul-americanos no Uruguai, criticou a humilhação pública de Zelensky, dizendo que "a diplomacia fracassa quando os parceiros de negociação são humilhados diante do mundo".
Líderes como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, também se posicionaram contra as atitudes de Trump, classificando o episódio como uma "cena grotesca" e reforçando a possibilidade de a Europa ser a responsável pela reconstrução da Ucrânia e pela manutenção da NATO. Já o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, afirmou que o episódio demonstra que "ninguém mais vai cuidar" da segurança do continente e que os novos recursos devem ser direcionados para a Ucrânia.
Contudo, nem todos os líderes europeus concordam com a linha de ação. Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria e aliado tanto de Trump quanto de Putin, alertou que apenas a postura dos EUA na negociação pode resultar em êxito, ameaçando bloquear qualquer consenso dentro da UE.
Esta crise diplomática pode marcar o início de uma nova fase nas relações transatlânticas e no papel da Europa na segurança global, evidenciando uma possível mudança na liderança mundial e o crescente protagonismo da UE na defesa de seus interesses.
B.N.
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