Horas extra em atraso: Governo moçambicano sob pressão
- Monica Stahelin
- 30 de mai.
- 2 min de leitura

O Governo de Moçambique reconheceu esta quinta-feira, na Assembleia da República, que está a fazer um “grande esforço” para regularizar o pagamento das horas extraordinárias e de outros subsídios em atraso aos profissionais de saúde.
O ministro da Saúde, Ussene Isse, admitiu que, apesar das limitações financeiras, há um diálogo “aberto e honesto” com os trabalhadores do setor para resolver os principais problemas.
“O Governo está a responder à maior parte das preocupações dos profissionais de saúde dentro do contexto socioeconómico do nosso país”, afirmou o governante, durante uma sessão de perguntas insistentes no parlamento.
Greve iminente preocupa autoridades
Ussene Isse alertou que uma greve no setor da saúde representa um “perigo” que pode resultar em mortes e sofrimento para a população. Por isso, apelou a um esforço conjunto entre o Governo e os profissionais para evitar novas paralisações. “Estamos cientes da gravidade do problema. Não vamos conseguir resolver tudo de imediato, mas estamos a priorizar e a avançar de forma gradual”, explicou.
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O aviso surge numa altura em que os médicos do Hospital Central de Maputo (HCM) ameaçam parar o trabalho extraordinário, a partir de 1 de junho, incluindo feriados e fins de semana, devido à falta de pagamento de horas extra, que, segundo os profissionais, se arrasta há 13 meses. Numa carta dirigida à direção do HCM, os clínicos denunciam ainda dívidas acumuladas de vários meses de 2024 e 2025.
Crise prolongada no sistema nacional de saúde
Nos últimos três anos, o setor da saúde em Moçambique tem sido marcado por várias greves e interrupções organizadas pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que reúne aproximadamente 65 mil profissionais. Também a Associação Médica de Moçambique (AMM) tem liderado manifestações a favor da melhoria das condições de trabalho.
Em 2023, uma paralisação semelhante no HCM terminou com um acordo entre os médicos e a administração hospitalar, que, segundo os profissionais, não foi cumprido, agravando o clima de desconfiança.
O porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, reiterou a importância do diálogo: “Não existe uma solução mágica. A única via possível é continuar a conversar, sobretudo num contexto de escassez de recursos.”
Moçambique conta atualmente com 1.778 unidades de saúde, incluindo quatro hospitais centrais, sete hospitais provinciais e 47 distritais, conforme os dados mais recentes do Ministério da Saúde.
M.S.
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