Mondlane critica acordo e promete protestos diários em Moçambique
- Monica Stahelin
- 5 de mar.
- 2 min de leitura

O ex-candidato presidencial moçambicano Venâncio Mondlane criticou o acordo de reformas estatais que será assinado entre o Presidente da República e os principais partidos políticos de Moçambique, com o objetivo de resolver a crise pós-eleitoral que o país enfrenta. Mondlane, que lidera a maior contestação aos resultados eleitorais de outubro de 2024, classificou o entendimento como um "acordo sem povo", argumentando que as mudanças propostas não refletem os interesses da população.
Protestos diários por cinco anos
Durante uma passeata no bairro de Magoanine, nos subúrbios de Maputo, Mondlane prometeu organizar manifestações diárias durante cinco anos, como forma de pressionar o governo a cumprir as demandas do povo.
"É um acordo de pessoas sem povo, um acordo em nome do povo, mas o povo não vai estar lá. Então o que vão assinar é uma espécie de um papel", afirmou, gerando uma grande reação entre os manifestantes.
O político moçambicano afirmou ainda que, de 2025 até 2030, haverá protestos todos os dias, com o objetivo de forçar o governo a ouvir as reais necessidades da população.
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O acordo entre o Presidente e os partidos
O acordo a ser assinado hoje, 5 de março, no Centro de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo, envolverá os principais partidos com assento parlamentar, como a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e o Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos). Além disso, a formação extraparlamentar Nova Democracia também assinará o acordo, que tem como foco as reformas estatais no contexto do diálogo político. A ausência de Venâncio Mondlane no acordo tem sido amplamente criticada por académicos e analistas, uma vez que ele foi o segundo mais votado nas últimas eleições, segundo o Conselho Constitucional.
Desde outubro de 2024, Moçambique tem vivido um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações organizadas por Mondlane e seus apoiantes. A população, além de contestar os resultados das eleições, também reclama do aumento do custo de vida e de diversos problemas sociais. Segundo dados da plataforma eleitoral Decide, desde o início dos protestos, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de 20 menores, e cerca de 3.500 ficaram feridas. O governo confirmou 80 óbitos e a destruição de mais de 1.600 estabelecimentos comerciais, escolas e unidades de saúde.
M.S.
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