Nepal em Chamas: PM Demite-se Após Revolta Anticorrupção
- Monica Stahelin
- há 9 horas
- 3 min de leitura

O país mergulha na incerteza política após semanas de manifestações violentas.
O Nepal enfrenta a sua maior crise em décadas após a demissão do primeiro-ministro KP Sharma Oli, na sequência de protestos violentos que eclodiram em várias regiões do país.
Os manifestantes, maioritariamente jovens, têm-se insurgido contra a corrupção endémica e medidas governamentais recentes, como a proibição temporária das redes sociais.
Na terça-feira, o parlamento, localizado na capital Katmandu, foi incendiado por uma multidão em fúria, que também atacou edifícios governamentais e residências de líderes políticos. As chamas libertaram uma densa nuvem de fumo negro sobre a cidade, enquanto centenas de manifestantes entoavam palavras de ordem e dançavam em frente ao edifício.
Proibição das redes sociais desencadeia revolta
A agitação teve início com a decisão do governo de bloquear 26 plataformas de redes sociais, incluindo o Facebook e o Instagram, alegando preocupações com a disseminação de notícias falsas, discurso de ódio e fraudes online. No entanto, a juventude nepalesa viu a medida como um atentado à liberdade de expressão.
A decisão foi revertida na noite de segunda-feira, após uma reunião de emergência do governo, numa tentativa de responder às crescentes exigências dos jovens, designados como “Geração Z”. Contudo, o descontentamento popular já se tinha transformado num movimento de larga escala, sem liderança organizada, mas com um apelo claro contra a corrupção e os privilégios da elite política.
Mortes, fugas e caos nacional
Os confrontos entre manifestantes e forças policiais já resultaram na morte de, pelo menos, 22 pessoas, 19 na segunda-feira e mais três na terça-feira. Durante o caos, cerca de 900 prisioneiros escaparam de dois estabelecimentos prisionais nas regiões ocidentais do país, segundo as autoridades locais.
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A casa de KP Sharma Oli, bem como a do antigo primeiro-ministro e líder do Partido do Congresso Nepalês, Sher Bahadur Deuba, foram igualmente incendiadas. A sede do Partido do Congresso, pertencente à coligação governamental, também foi alvo de destruição.
Numa carta enviada ao presidente Ramchandra Paudel, Oli, de 73 anos, justificou a sua saída com a necessidade de desbloquear uma solução constitucional e política para a crise. O presidente aceitou a renúncia e iniciou discussões para a nomeação de um novo líder. No entanto, até ao momento, não foi indicado um sucessor, deixando o país num vazio de liderança.
Exército alerta para possível intervenção
Face à escalada de violência, o chefe do exército nepaleso emitiu um comunicado a advertir que todas as instituições de segurança, incluindo as Forças Armadas, estão preparadas para assumir o controlo da situação, caso os distúrbios continuem. O aviso deixou em aberto a possibilidade de uma intervenção militar, a partir das 22h00 de terça-feira (hora local).
Para muitos cidadãos, como Muna Shreshta, de 20 anos, residente em Katmandu, a mudança é inevitável e necessária. "Está na hora de mudar. Pagamos impostos e queremos ver esse dinheiro investido no futuro do país, não nos luxos dos filhos dos políticos", afirmou à imprensa internacional.
Enquanto o Nepal tenta recuperar o controlo interno, cresce a pressão sobre as autoridades para restabelecer a ordem, garantir a segurança dos cidadãos e iniciar um processo de renovação política que responda às exigências de transparência e justiça social.
M.S.
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