Overbooking impede embarque de famílias em cruzeiro e gera caos
- Monica Stahelin
- 24 de mar.
- 3 min de leitura
Dezenas de famílias viram o sonho de uma viagem especial se transformar em um pesadelo ao serem impedidas de embarcar no cruzeiro temático Energia On Board, que partiu do Porto de Santos, em São Paulo. A situação, que afetou cerca de 250 turistas, foi provocada por um overbooking, em que a venda de cabines ultrapassou a capacidade do navio, o Costa Pacifica, fretado pela empresa On Board Entretenimento.
Mais de 15 horas em filas e frustração
Alguns passageiros passaram mais de 15 horas em longas filas no terminal marítimo Giusfredo Santini, administrado pelo Concais, até serem informados de que não conseguiriam embarcar. A viagem, com preços que variavam de R$ 5 mil a R$ 12 mil, tinha como atrativos apresentações de artistas consagrados dos anos 80, como Paulo Ricardo, Sandra de Sá, Double You e Jon Secada, entre outros. O cruzeiro, que tinha como destino Angra dos Reis (RJ), deveria ter partido na tarde de quinta-feira (20), mas a saída foi adiada para a madrugada de sexta-feira (21) devido ao grande número de passageiros que não conseguiram embarcar.
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A empresa responsável pela organização do cruzeiro alegou que a venda das cabines "saiu do controle", mas afirmou que nunca houve a intenção de prejudicar os clientes e que buscaria ressarcir os afetados. A situação gerou um tumulto no terminal, com a intervenção das polícias Civil e Federal, além da Guarda Portuária e segurança interna do local.
Justificativas e promessas de ressarcimento
Em um boletim de ocorrência, foi informado que, de acordo com a Costa Cruzeiros, havia uma previsão para o desembarque de 3.404 passageiros do navio, o que permitiria o embarque de 1.953 novos turistas. No entanto, por volta das 22h, a empresa organizadora do evento informou que cerca de 250 pessoas não conseguiriam embarcar devido ao excesso de reservas. Como compensação, a On Board Entretenimento providenciou transporte e hospedagem em Santos para os turistas afetados.
A Costa Cruzeiros, por sua vez, justificou que o processo de embarque foi atrasado porque alguns passageiros não estavam com os documentos de embarque necessários, o que dificultou as operações de check-in. A companhia também informou que a responsabilidade sobre o envio da lista de passageiros para embarque é da empresa On Board, que organizou o evento.
Histórias de frustração e decepção
Entre os turistas afetados estava o técnico de som Erisvaldo Lopes Junior, que segundo o G1, contou à reportagem sua decepção. Ele, a esposa e os filhos estavam ansiosos para a viagem, que seria a primeira experiência deles em um cruzeiro. No entanto, ao chegarem ao Porto de Santos às 11h da quinta-feira, o grupo só soube, já às 2h da sexta-feira, que não embarcaria. A falta de alimentação e água durante as horas de espera, além do descaso com os passageiros, gerou ainda mais frustração entre as centenas de turistas que não conseguiram embarcar. "Sem alimentação, sem água, sem cuidado algum. Total desrespeito, inacreditável", lamentou Junior.
A família de Junior e outras centenas de pessoas foram informadas de que o motivo da proibição de embarque foi o overbooking, mas muitos questionaram a explicação, alegando que o problema foi mal explicado pela empresa. De acordo com Junior, mais de 500 pessoas, de diversos estados do Brasil, enfrentaram a mesma situação de frustração.
Hospedagem e ressarcimento prometidos
Cerca de 100 pessoas que não conseguiram embarcar foram hospedadas em um hotel em Santos, com as despesas pagas pela empresa organizadora, até o fim do período do cruzeiro. A On Board Entretenimento se comprometeu a ressarcir os turistas que não puderam realizar a viagem, mas a situação deixou marcas profundas nos passageiros que aguardavam com expectativa a viagem dos seus sonhos.
O caso foi registrado como estelionato pela Polícia Civil, que agora investiga as circunstâncias do incidente e tenta identificar as vítimas afetadas por esse transtorno no início da temporada de cruzeiros.
M.S.
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