Paciente espera 10 dias por cama e expõe crise no SNS
- Beatriz S. Nascimento
- 21 de abr.
- 2 min de leitura

Um paciente no Reino Unido esperou mais de 10 dias por uma cama hospitalar após ter sido admitido nas urgências, de acordo com dados obtidos pelo Partido Liberal Democrata através de pedidos de acesso à informação. O caso extremo, revelado esta semana, lançou nova luz sobre aquilo que já está a ser descrito como uma crise generalizada no atendimento de corredores (“corridor care”) nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (NHS) de Inglaterra.
Segundo os dados recolhidos, cerca de 49 mil doentes esperaram 24 horas ou mais por uma cama em 2024 — um aumento de quase 20% em relação ao ano anterior e de quase 58% face a 2022. Estas longas esperas, conhecidas como “trolley waits”, correspondem ao tempo entre a decisão de internar o paciente e a efetiva transferência para uma enfermaria.
Crise prolongada e impacto nos idosos
A situação revela-se ainda mais preocupante quando se considera que, nos últimos três anos, cerca de 70% dos que enfrentaram estas longas esperas tinham 65 anos ou mais. Apenas 54 dos 141 trusts do NHS forneceram dados completos, pelo que os números reais poderão ser ainda mais elevados do que os agora divulgados.
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A Royal College of Nursing (Colégio Real de Enfermagem) alertou que estes dados "apenas arranham a superfície" de uma crise grave no sistema, agravada pela escassez de profissionais de enfermagem. A secretária-geral da organização, professora Nicola Ranger, descreveu o atendimento nos corredores como “indigno e inseguro”, defendendo que deve ser completamente erradicado.
Governo reconhece problema, mas apela à paciência
Apesar de considerar os tempos de espera “inaceitáveis”, o governo britânico afirmou que resolver o problema “levará tempo”. O Ministério da Saúde e dos Cuidados Sociais reiterou o compromisso em reduzir as listas de espera nos serviços de urgência, apontando como avanços a vacinação contra o RSV, gripe e COVID-19, o fim das greves no setor e a reestruturação do NHS, incluindo a extinção da entidade NHS England.
O executivo indicou ainda que o reforço dos cuidados de saúde comunitários é fundamental para evitar que mais pessoas acabem nas urgências, contribuindo assim para aliviar a pressão hospitalar.
Propostas para reformar o sistema
Os Liberais Democratas propõem a criação de uma equipa de “super-diretores”, composta por gestores experientes do NHS, com a missão de intervir nos trusts em maior dificuldade e garantir a sua recuperação.
Apesar de os números globais de espera superior a 12 horas terem diminuído de janeiro (61.529) para março (46.766), a redução é parcialmente atribuída ao fim da época de maior incidência de doenças sazonais.
Uma análise anterior do Royal College of Emergency Medicine revelou que, só em 2023, quase 14 mil mortes estiveram associadas a longos períodos de espera nos serviços de urgência antes da admissão hospitalar.
B.N.
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