Porto elogia quarteirões turísticos e atrai atenção global
- Monica Stahelin
- 14 de abr.
- 3 min de leitura

A Câmara Municipal do Porto considera “muito positivo” o balanço dos quarteirões turísticos, criados há pouco mais de um ano com o objetivo de aliviar a pressão turística sobre o centro da cidade. Esta estratégia de descentralização já está a suscitar o interesse de cidades como Barcelona, Bilbau e Edimburgo, e tem sido divulgada em diversos fóruns internacionais, incluindo no Brasil, em Hong Kong e no Japão.
Assente numa política de orientação de fluxos turísticos, a iniciativa visa promover uma distribuição mais equilibrada dos visitantes por todo o território municipal. Entre os efeitos mais notórios estão a valorização de áreas menos centrais, a dinamização económica fora da Baixa e do Centro Histórico, bem como o impulso dado a artistas e artesãos locais.
De acordo com a vereadora do Turismo, Catarina Santos Cunha, esta é “uma estratégia absolutamente fundamental para que o Porto seja um destino sustentável”, que respeite simultaneamente a experiência dos turistas e a qualidade de vida dos residentes.
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Parcerias e novas narrativas impulsionam projeto
Para garantir o sucesso do modelo, a autarquia tem aprofundado a colaboração com operadores turísticos, promovendo ações de formação regulares e mantendo contacto frequente com os diferentes intervenientes do setor. A vereadora reforça que, apesar do elevado número de visitantes que a cidade recebe, ainda não se verifica uma situação de excesso de turismo, considerando que muitas das críticas se baseiam numa “narrativa ideológica”.
A matriz dos quarteirões turísticos, que estrutura atualmente mais de 20 projetos no âmbito do pelouro do Turismo e da Internacionalização, serviu de base à construção de uma política municipal mais ampla para o turismo sustentável. Esta aposta inclui, entre outras medidas, a melhoria da mobilidade e acessibilidade em zonas menos exploradas, bem como a criação de novos roteiros e narrativas que incentivem os visitantes a descobrir a autenticidade do Porto.
A iniciativa, segundo a autarquia, contribui ainda para o prolongamento da estadia média dos turistas e para uma valorização integrada das zonas limítrofes da cidade, incluindo elos de ligação com os concelhos vizinhos de Matosinhos e Vila Nova de Gaia.
Câmara pede mais competências ao Governo
Criados oficialmente em março de 2024, os oito quarteirões turísticos abrangem áreas como o Centro Histórico do Porto e de Gaia, a Baixa do Porto, Foz-Matosinhos Sul, Boavista-Campo Alegre-Marginal do Douro, Bonfim, Lapa-República-Marquês, Asprela-Arca d’Água-Carvalhido-Ramalde e Campanhã-Antas.
Para além da definição territorial destes quarteirões, a estratégia municipal inclui também instrumentos como o regulamento do alojamento local, o enquadramento dos animadores de rua e a limitação do acesso de veículos turísticos a determinadas artérias centrais.
No entanto, Catarina Santos Cunha sublinha que os municípios precisam de mais ferramentas para consolidar este caminho. Entre as prioridades, destaca-se a necessidade de regular melhor o comércio local — “não faz sentido, por exemplo, ter tantas lojas de souvenirs concentradas no mesmo sítio” — e os serviços de transporte individual e partilhado.
A vereadora apela ao Governo para que atribua mais competências às autarquias no que respeita à regulação destes sectores, considerando essencial o reforço do poder local para garantir um turismo mais equilibrado e sustentável.
M.S.
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