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Traficantes usavam autoestrada alentejana usada para tráfico de haxixe

Avioneta
Traficantes usavam autoestrada alentejana usada para tráfico de haxixe © Direitos Reservados

Uma organização criminosa composta por cidadãos portugueses e espanhóis utilizava um troço inacabado da autoestrada A26, em Ferreira do Alentejo, como pista de aterragem para uma avioneta carregada com haxixe proveniente de Marrocos. O grupo foi parcialmente desmantelado esta segunda-feira, após a detenção de três suspeitos pela Polícia Judiciária (PJ), no âmbito da operação “Ases pelos Ares”.


A investigação da PJ, desenvolvida em colaboração com a Guardia Civil espanhola e a Gendarmerie Royale marroquina, permitiu apurar que o grupo adquiria grandes quantidades de haxixe no norte de África e transportava a droga para Portugal por via aérea. A avioneta aterrava num segmento da A26 cortado ao trânsito, com cerca de 500 metros de extensão, aproveitando a ausência de obstáculos e vegetação na área envolvente.


Intercetados pela Força Aérea

Na manhã de 24 de janeiro de 2023, um pequeno avião descolou de Marrocos com cerca de 500 quilos de haxixe a bordo. Para escapar à vigilância, o voo foi executado a baixa altitude e sem comunicações. No entanto, a Força Aérea Portuguesa (FAP), alertada pela PJ, detetou a aeronave suspeita por volta das 14 horas, a sul do Algarve, através do sistema nacional de defesa aérea.


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Dois caças F-16 foram enviados para intercetar o avião, enquanto uma aeronave P-3C CUP+ foi destacada para acompanhar o trajeto. Foi este último avião que confirmou a aterragem clandestina na autoestrada.


Após a aterragem, o piloto descarregou rapidamente os fardos de droga e voltou a descolar, dirigindo-se para um aeródromo no centro do país. O aparelho viria a ser apreendido quatro dias depois.


Fuga e perseguição no Alentejo

No local aguardavam três elementos da rede criminosa, todos de nacionalidade portuguesa, que transferiram a droga para uma carrinha. Quando abandonavam o local, foram surpreendidos por militares da GNR, que já seguiam a sua movimentação com base nas informações da FAP.


A perseguição estendeu-se até Azinheira dos Barros, no concelho de Grândola, onde os suspeitos abandonaram o veículo com a droga e fugiram a pé por caminhos rurais. Embora ninguém tenha sido capturado na altura, a investigação permitiu identificar os suspeitos e culminou, esta semana, com as suas detenções.


Os detidos residiam em Lisboa, Setúbal, Santarém e Olhão. Alguns já tinham antecedentes criminais. O líder da organização, um cidadão espanhol e proprietário da avioneta, encontra-se a cumprir pena de prisão em Espanha, por crimes relacionados com tráfico de droga.


Pilotos dentro da rede

Além do chefe do grupo, que também pilotava a aeronave, havia outro elemento com formação e licença de voo. Este facto facilitava a logística das operações aéreas ilegais e permitia maior flexibilidade nas rotas escolhidas.


A PJ destaca a importância da cooperação internacional nesta investigação, sublinhando que a escolha do troço da A26 — ainda em construção e sem circulação — era estratégica, permitindo aterragem e descolagem discretas, longe dos olhares das autoridades.


A operação “Ases pelos Ares” marca um passo significativo no combate ao narcotráfico transnacional, especialmente no que diz respeito ao uso de rotas aéreas não convencionais em território europeu.


M.S.


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