Angola ignora condenação da Trafigura e ex-diretor da Sonangol
- Monica Stahelin
- 6 de fev.
- 2 min de leitura

A condenação da companhia Trafigura e do ex-diretor da Sonangol, Paulo Gouveia Júnior, por um tribunal suíço está a suscitar questões sobre o silêncio das autoridades angolanas face ao caso, que envolve alegações de corrupção. A Trafigura continua a operar em Angola, nomeadamente no Corredor do Lobito, e até agora não houve qualquer indicação de que as autoridades angolanas irão investigar a empresa ou o antigo responsável pela Sonangol Distribuidora.
O Caso de Corrupção e as Condenações no Tribunal Suíço
O tribunal suíço condenou Paulo Gouveia Júnior a 36 meses de prisão por corrupção, acusando-o de ter recebido cerca de cinco milhões de dólares em subornos. Além disso, a Trafigura foi multada em 3,3 milhões de dólares e obrigada a pagar uma indemnização de 145,6 milhões de dólares. Mike Wainwright, ex-diretor de operações da Trafigura, também foi condenado a 32 meses de prisão, com 12 desses meses a serem cumpridos. Os advogados envolvidos planeiam recorrer da sentença.
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Reações e Expectativas de Investigação em Angola
O jurista Rui Verde, que comentou o caso, apelou à Procuradoria Geral de Angola para que abra uma investigação sobre as conclusões do tribunal suíço, a fim de apurar os danos que Angola possa ter sofrido com as práticas corruptas envolvidas. Para Rui Verde, é essencial que a procuradoria busque todos os factos complementares e que tome medidas legais, considerando que a abertura de um processo não depende da vontade do governo, mas sim da obrigatoriedade de cumprir a lei.
Por outro lado, o porta-voz da Procuradoria Geral da República de Angola, procurador Álvaro João, afirmou que a PGR iria contactar a Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP), embora, à primeira vista, não pareça haver motivos para a abertura de um processo.
Impactos Políticos e Imagem de Angola no Cenário Internacional
O analista político Ilídio Manuel considera que a situação, que envolve um alto funcionário da Sonangol e uma empresa estrangeira com negócios em Angola, deveria ser mais apurada, tanto para garantir a transparência quanto para evitar danos à imagem do país no cenário internacional. Ele sugere que a PGR, que depende do Presidente da República, deveria ter tomado medidas mais proativas.
Rui Verde também destaca a necessidade de a Trafigura implementar medidas anticorrupção em Angola, a fim de prevenir qualquer nova suspeita e melhorar a sua imagem no país. Ele lembra que a opinião pública precisa de uma versão oficial sobre o caso e aponta para a importância de assegurar a transparência e o cumprimento da legislação angolana, especialmente nas operações do Corredor do Lobito, onde a Trafigura tem um papel de destaque.
A Trafigura, que possui subsidiárias em Singapura e Amesterdão, tem um capital social registado de pouco mais de 4 mil dólares, e é concessionária do Corredor do Lobito desde 2022, após vencer um concurso público internacional lançado pelo Governo angolano. A empresa tem colaborado com outras entidades internacionais, como a portuguesa Mota Engil e a belga Vecturis, neste projeto estratégico.
M.S.
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