Casos de VIH continuam a aumentar em Angola: 28 mil novas infeções por ano
- Beatriz S. Nascimento
- há 5 dias
- 3 min de leitura

Angola continua a enfrentar um cenário preocupante no que diz respeito à propagação do VIH-SIDA. De acordo com dados revelados por António Coelho, presidente da Rede Angolana de Organizações de Serviços de SIDA, Tuberculose e Malária (ANASO), o país regista, em média, 28 mil novas infeções por ano. Além disso, estima-se que ocorram anualmente cerca de 13 mil mortes associadas à SIDA, colocando Angola entre os poucos países da região da África Austral onde a taxa de novos casos continua a aumentar.
As declarações foram feitas na sexta-feira, à saída de uma audiência com a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, em Luanda. O encontro serviu para discutir os desafios que o país enfrenta no combate às doenças transmissíveis, com foco no VIH, e para reforçar a importância do envolvimento político e institucional na resposta nacional à epidemia.
Prevalência mantém-se estável, mas número absoluto de infetados cresce
Embora a taxa de prevalência do VIH em Angola se mantenha oficialmente nos 2%, António Coelho alertou que o número de pessoas a viver com o vírus tem vindo a aumentar. Este crescimento está diretamente relacionado com o aumento significativo da população angolana, que passou de cerca de 15 milhões para mais de 35 milhões de habitantes nos últimos cinco anos.
Publicidade
Este dado demonstra que, mesmo com uma prevalência aparentemente estável, o volume absoluto de infetados continua a subir, o que representa um desafio crescente para o sistema de saúde pública. A situação exige maior capacidade de resposta em termos de rastreio, acesso a medicamentos antirretrovirais, acompanhamento clínico e campanhas de prevenção.
ANASO apela a uma resposta mais integrada e urgente
Durante a audiência, a ANASO apelou ao reforço da resposta nacional ao VIH-SIDA, sublinhando a necessidade de maior articulação entre o governo, a sociedade civil e os parceiros internacionais. António Coelho destacou que a epidemia continua a afetar desproporcionalmente populações vulneráveis, incluindo jovens, mulheres, profissionais do sexo, reclusos e pessoas que consomem drogas injetáveis.
O dirigente defendeu o fortalecimento dos serviços comunitários de saúde, bem como a implementação de programas educativos eficazes que promovam o uso do preservativo, o teste voluntário e o tratamento precoce. Sublinhou ainda a importância de combater o estigma e a discriminação contra as pessoas que vivem com o VIH, fator que continua a ser uma barreira significativa ao acesso ao diagnóstico e ao tratamento.
Angola e o contexto regional
Ao contrário de outros países da região da África Austral que têm registado melhorias nos seus indicadores epidemiológicos graças a programas robustos de saúde pública, Angola continua a enfrentar limitações estruturais e de financiamento. O presidente da ANASO reconhece os esforços em curso, mas sublinha que são ainda insuficientes para travar o avanço da epidemia.
A organização promete continuar a colaborar com as autoridades nacionais para desenvolver estratégias mais eficazes, centradas nas comunidades e sustentadas por dados fiáveis, com o objetivo de reduzir o número de novas infeções e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas.
B.N.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal da Globe News
Comentários