Estudantes da Queima das Fitas de Coimbra criticam Governo e temem ter de emigrar
- Beatriz S. Nascimento
- 26 de mai.
- 2 min de leitura

Milhares de estudantes desfilaram este domingo no tradicional cortejo da Queima das Fitas de Coimbra, transformando a celebração académica num palco de crítica social e política. Com humor e sátira, os universitários deram voz às suas preocupações em relação ao futuro profissional e à crescente vontade de abandonar o país.
A irreverência do cortejo não poupou figuras públicas como Luís Montenegro, Miguel Arruda e até Donald Trump. Mas para além da crítica política, os temas escolhidos pelos cursos revelaram inquietações reais sobre a valorização do ensino superior e as condições do mercado de trabalho em Portugal.
O carro do curso de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores apostou numa metáfora visual contundente: uma tomada trifásica simbolizou as três quedas de Governos recentes, tanto do PS como da AD. “O ensino superior está cada vez mais desvalorizado”, afirma João Baldaia, aluno do terceiro ano. Apesar do desejo de ganhar experiência no estrangeiro, garante que gostava de regressar: “Amo este país”.
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“Somos formados para acudir, mas ninguém nos acode”
Já os estudantes de Medicina abordaram a degradação do sistema de saúde. O tema escolhido, “INEM acudiram”, refletiu o descontentamento com a atual situação do Instituto Nacional de Emergência Médica e do próprio Serviço Nacional de Saúde. “Somos formados para acudir, mas ninguém nos acode a nós”, denuncia Beatriz Gonçalves.
A futura médica acredita que o cenário leva cada vez mais estudantes a ponderarem emigrar após a conclusão do curso. “O Governo investe na nossa formação, mas não cria condições para que fiquemos. É revoltante”, conclui.
Com mensagens fortes e criativas, a Queima das Fitas deste ano foi mais do que uma celebração académica — foi um grito coletivo de quem quer um futuro digno sem ter de partir.
B.N.
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