Tripla crise em Moçambique deixa 5,2 milhões sem ajuda urgente
- Beatriz S. Nascimento
- há 5 horas
- 2 min de leitura

A Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que cerca de 5,2 milhões de pessoas em Moçambique necessitam de assistência urgente devido a uma “tripla crise” que combina conflito armado, fenómenos climáticos extremos recorrentes e instabilidade pós-eleitoral.
Conflito em Cabo Delgado agrava crise humanitária
O coordenador e diretor adjunto para a África Ocidental e Central do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Xavier Creach, destacou que a situação é particularmente grave na província de Cabo Delgado. A intensificação da atividade de grupos armados não estatais tem provocado um aumento significativo das deslocações forçadas e a destruição de infraestruturas essenciais, dificultando também os esforços de recuperação da região.
Nas últimas semanas, mais de 25 mil moçambicanos foram obrigados a abandonar as suas casas no norte do país devido à escalada do conflito, com muitos a procurar refúgio em comunidades já sobrecarregadas. Creach alertou para os riscos crescentes enfrentados pelas mulheres e crianças, especialmente no que respeita à violência de género, separação familiar e dificuldade no acesso à documentação.
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Financiamento insuficiente põe em risco ajuda vital
Atualmente, a crise humanitária em Cabo Delgado já provocou o deslocamento de 1,3 milhões de pessoas. A situação pode piorar devido à escassez de financiamento para operações essenciais de ajuda, uma vez que o ACNUR só dispõe de cerca de um terço dos 42,7 milhões de dólares (37,5 milhões de euros) necessários para este ano. Sem apoios adicionais urgentes, há risco de abandono de programas vitais para a população afetada.
“Está a formar-se uma tempestade perfeita. Se virarmos as costas agora, o país enfrentará uma emergência humanitária muito maior”, alertou Xavier Creach, apelando à ação imediata para prevenir e mitigar os impactos da crise.
Este alerta surge um dia depois do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ter estimado que mais de 3,4 milhões de crianças moçambicanas precisam de apoio humanitário urgente. A agência sublinha que a combinação dos conflitos em Cabo Delgado e os eventos climáticos extremos agravou a vulnerabilidade do país, causando surtos de doenças infecciosas e destruição de escolas e unidades de saúde.
A Unicef Portugal lançou igualmente um apelo urgente para donativos que possam sustentar as operações de emergência em Moçambique, garantindo um futuro digno para as crianças e suas famílias.
B.N.
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