João Lourenço critica tentativa de fragmentação da RDC
- Monica Stahelin
- 13 de mar.
- 3 min de leitura

O presidente angolano, João Lourenço, fez uma crítica contundente durante sua intervenção em Addis Abeba, onde, na qualidade de presidente da União Africana (UA), abordou a situação política e os conflitos no continente africano, com especial ênfase para a situação no leste da República Democrática do Congo (RDC). A crítica de Lourenço foi direcionada aos responsáveis pelo que chamou de tentativa de “balcanização” do Congo, numa alusão velada ao envolvimento de Ruanda no apoio aos rebeldes do M23.
Lourenço, sem mencionar diretamente os envolvidos, afirmou que há planos para fragmentar a RDC ou até derrubar o governo de Kinshasa. Ele alertou que, no caso específico do Congo, "os conflitos evoluem num sentido negativo, preocupante e condenável", destacando o cenário no leste do país, onde os rebeldes do M23, apoiados por Ruanda, ocuparam várias cidades. Estes grupos chegaram a ameaçar avançar em direção à capital, Kinshasa, com o intuito de estabelecer uma região autónoma nas áreas que controlam.
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Durante o seu discurso, o presidente angolano disse que a União Africana não deve cruzar os braços diante dessas tentativas.
"Decidimos insistir na busca de soluções pacíficas, não permitindo que se concretize o plano de balcanização em curso, com a criação de um Estado pária no leste da RDC", afirmou Lourenço. Ele também se mostrou determinado a garantir que o poder instituído em Kinshasa não fosse revertido pela via militar.
Mediação de Angola e negociações diretas entre governo e M23
A crítica do presidente angolano ocorre a poucos dias das primeiras negociações diretas entre o governo da RDC e os rebeldes do M23, que terão lugar em Luanda no próximo dia 18, com mediação de Angola. Este será o primeiro encontro direto entre as autoridades congolesas e os rebeldes, após o presidente Felix Tshisekedi ter concordado com a mediação de Luanda. A aceitação das negociações foi precedida por uma visita a Luanda de Tshisekedi.
Além disso, João Lourenço aproveitou para destacar a importância de enfrentar os responsáveis pelas tensões e conflitos no continente, pedindo que a União Africana adote medidas mais eficazes. "Os promotores de tensões e conflitos devem ser desencorajados, responsabilizados e penalizados com sanções pesadas da organização", afirmou, sublinhando a necessidade de ações mais rigorosas no tratamento de conflitos no continente.
Proposta de conferência para a paz em África
Como forma de fortalecer a União Africana no combate à violência e à instabilidade, Lourenço propôs a realização de uma ampla conferência sobre a paz no continente africano. Segundo ele, o foco principal da conferência deve ser a promoção da paz como um "bem obrigatório e indeclinável para todos os povos" da África.
O presidente angolano também criticou a atitude de algumas organizações externas, como a União Europeia e o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que considera, por vezes, mais rigorosas e exigentes nas suas posições em relação aos conflitos africanos.
"Devíamos sentir-nos envergonhados de que instituições externas a África sejam mais rigorosas do que nós próprios no tratamento dos conflitos que se desenrolam no nosso continente", concluiu João Lourenço.
A intervenção de Lourenço reflete a posição firme de Angola em promover soluções pacíficas para os conflitos em África e o desejo de maior envolvimento da União Africana nas questões de paz e segurança no continente.
M.S.
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