Morte de jovem negro durante acção policial gera protestos na Bahia
- Monica Stahelin
- 13 de mai.
- 2 min de leitura

A morte de Victor Cerqueira Santos Santana, jovem negro de 28 anos, durante uma operação policial no último fim-de-semana em Caraíva, distrito turístico de Porto Seguro (BA), gerou forte comoção na comunidade local, que tem vindo a protestar contra a actuação da polícia. Estabelecimentos comerciais e pousadas encontram-se encerrados desde então.
Controvérsia em torno da acção policial
Victor, que trabalhava como guia turístico e era residente no município vizinho de Itabela, foi visto pela última vez a caminho do trabalho, quando, segundo testemunhas, foi abordado, algemado e levado por agentes policiais. O corpo foi encontrado posteriormente com sinais visíveis de violência, incluindo ferimentos na cabeça e nos joelhos, conforme relatado por amigos e moradores.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) emitiu uma nota informando que dois homens foram mortos num suposto “confronto” durante uma operação conjunta das polícias federal e estaduais contra o crime organizado. A nota não confirma a identidade dos mortos, nem esclarece se Victor fazia parte do grupo visado.
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Protestos e acusações de violência policial
Moradores e amigos rejeitam a versão oficial e alegam que não houve qualquer troca de tiros. “Victor não era bandido, não estava armado e não houve confronto”, afirmou Joice Terlone, amiga próxima do jovem, durante um protesto transmitido ao vivo nas redes sociais.
Segundo ela, Victor era uma pessoa pacata, muito querida na comunidade, e a única razão aparente para a detenção seria a cor da sua pele. “Estamos a falar de racismo estrutural e de violência do Estado. A vida de um inocente foi tirada sem explicação”, declarou.
Vídeos partilhados por moradores mostram manifestações a exigir justiça. O comércio local permaneceu encerrado como forma de protesto, e o acesso à vila, feito por barco, foi temporariamente bloqueado pela população. A missa de pesar decorreu esta segunda-feira (12), estando o funeral marcado para o dia seguinte.
Autoridades mantêm silêncio sobre detalhes da operação
Questionada pela imprensa, a SSP-BA limitou-se a afirmar que a acção policial visava o cumprimento de um mandado de prisão contra um alegado membro de facção criminosa, conhecido como “Alongado”. Alegadamente, o suspeito teria resistido à prisão e morrido após ser baleado. Um segundo homem teria sido morto no local como suposto segurança do suspeito.
A pasta não confirmou se esse segundo homem seria Victor e não explicou os contornos exactos do alegado confronto. Armas, munições e drogas teriam sido apreendidas durante a operação. A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar investigam o caso.
M.S.
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