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Sistema de Ensino Angolano Inicia Novo Ano com Velhos Problemas


Crianças na escola
Sistema de Ensino Angolano Inicia Novo Ano com Velhos Problemas © Lusa/António Silva

O ano letivo 2025/2026 arrancou oficialmente em Angola, mas está longe de representar um novo começo para milhares de estudantes.


Segundo denúncias do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), as escolas públicas enfrentam problemas estruturais e logísticos que têm dificultado o acesso e a permanência dos alunos no sistema de ensino.


Infraestruturas degradadas e ausência de recursos básicos

Francisco Teixeira, presidente do MEA, alertou para a persistência de problemas considerados básicos, como a falta de carteiras, quadros, casas de banho funcionais e acesso a água potável. De acordo com o dirigente, estas carências foram verificadas durante visitas a escolas nas províncias de Malanje, Benguela, Huambo e também em Luanda, onde o cenário é descrito como "desolador".


"As crianças vão começar a estudar amanhã ou depois sem carteiras, sentadas no chão (...), as escolas continuam imundas, com capim", afirmou Francisco Teixeira à agência Lusa. Além da degradação das instalações, apontou também a ausência de materiais didáticos e de merenda escolar, situação que considera inaceitável para um novo arranque letivo.


Acesso limitado e défice de professores

Outro ponto crítico destacado pelo líder estudantil refere-se às dificuldades enfrentadas pelas famílias para efetuar matrículas. Segundo Teixeira, muitos encarregados de educação chegaram a pernoitar à porta das escolas, na esperança de conseguir uma das poucas vagas disponíveis, algumas instituições terão oferecido apenas 30 lugares.


O MEA estima que mais de nove milhões de crianças continuam fora do sistema de ensino. A este dado preocupante junta-se a falta de cerca de 78 mil professores, número necessário para responder às exigências do ensino geral. Ainda assim, o Ministério da Educação optou por avançar com a introdução progressiva das línguas nacionais (umbundu, quimbundu, kikongo, tchokwe, nganguela, entre outras) para as classes de quinta e sexta, medida criticada por Francisco Teixeira, que considera que "se está a brincar com coisas sérias".


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"Apostar nas línguas nacionais sem professores formados nem condições é uma distração do essencial", sublinhou, referindo casos de alunos que chegam ao ensino médio sem nunca terem tido um professor de Língua Portuguesa ou acesso a manuais escolares.


Realidade distante do ideal

O dirigente estudantil lamentou ainda o incumprimento da legislação que garante a gratuidade do material didático até à sexta classe, denunciando a sua comercialização em várias escolas. Em relação às condições sanitárias, frisou que apenas 12% das escolas têm água corrente e cerca de 80% mantêm as casas de banho encerradas, agravando a situação sobretudo para as alunas.


"É a educação possível, não é a que queremos, não é a que sonhamos, estamos longe", concluiu Francisco Teixeira, acrescentando que muitos dos responsáveis pelo sistema educativo não têm filhos nas escolas públicas e, por isso, desconhecem a realidade vivida diariamente por milhões de estudantes angolanos.


M.S.


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