Protestos na Indonésia com saque a bens de político
- Beatriz S. Nascimento
- há 1 dia
- 3 min de leitura

A Indonésia vive um momento de grande instabilidade social e política, com manifestações violentas que têm vindo a ganhar força nas últimas semanas. Durante os protestos que deflagram no país, uma série de bens pessoais de luxo foi saqueada, incluindo uma estátua gigante de Labubu, estátuas em tamanho real do Homem de Ferro, malas da marca Louis Vuitton, televisores e até um piano. Estes objetos pertenciam à residência do político Ahmad Sahroni, membro do partido NasDem, conhecido por ter classificado os protestos como “estúpidos”. O episódio revela o clima de revolta crescente contra figuras políticas e simbolismos associados a um aumento dos subsídios dos deputados, que está na raiz das manifestações.
Protestos desencadeados por aumento polémico de subsídios e agravados pela morte de jovem motorista
As manifestações começaram na capital, Jacarta, após a aprovação de um aumento significativo dos subsídios dos deputados, que além dos salários passam a receber uma mensalidade para habitação no valor de 50 milhões de rupias (cerca de 2.263 libras), um montante quase dez vezes superior ao salário mínimo da capital e vinte vezes maior que o salário mínimo em zonas mais pobres do país. Este aumento provocou uma forte indignação entre a população, especialmente num contexto em que a taxa de pobreza na Indonésia ronda os 10%, enquanto os custos de vida e o desemprego aumentam.
A situação agravou-se dramaticamente com a morte de Affan Kurniawan, um jovem motorista de serviço de transporte de 21 anos, que foi atropelado por um veículo blindado da polícia durante os confrontos com os manifestantes. Um vídeo que mostra o momento da sua morte rapidamente se tornou viral nas redes sociais, gerando uma onda de choque e revolta em todo o país, aumentando as críticas dirigidas às forças de segurança e ao governo. Este incidente tornou-se um símbolo da violência policial e das tensões profundas que marcam este período de crise.
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Incêndio e violência em várias regiões do país
Para além do tumulto em Jacarta, as tensões alastraram-se a outras regiões, como Makassar, capital da província de Sulawesi do Sul, onde um incêndio num edifício do parlamento regional provocou a morte de três pessoas e ferimentos graves em cinco outras, algumas com queimaduras e outras devido a quedas enquanto tentavam escapar do fogo. Autoridades locais atribuíram a responsabilidade do incêndio aos protestos que se realizaram no local, aumentando o clima de insegurança e instabilidade.
Os protestos incluem ainda o saque de edifícios públicos, como escritórios parlamentares, e a invasão de residências de políticos, numa demonstração clara da ira popular contra o aumento dos privilégios dos representantes políticos e a gestão do país.
Um país dividido e à espera de respostas
A crise social e política na Indonésia revela um país profundamente dividido, onde a crescente desigualdade económica e a percepção de uma elite política distante da realidade do cidadão comum estão a provocar um aumento da contestação popular. Os protestos continuam a decorrer com intensidade, num cenário em que as autoridades enfrentam dificuldades para controlar a situação e encontrar respostas que satisfaçam as exigências da população.
O futuro próximo será decisivo para o rumo da Indonésia, com a necessidade de medidas que promovam a justiça social e a reconciliação, evitando que o país se afunde numa espiral de violência e instabilidade. Até lá, o país mantém-se em alerta máximo, com as forças de segurança em estado de prontidão e a população a expressar, nas ruas, o seu descontentamento.
B.N.
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