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Passaporte brasileiro torna-se alvo de agentes russos

Pessoa segura um Passaporte brasileiro
Passaporte brasileiro torna-se alvo de agentes russos © Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma investigação conduzida pela Polícia Federal brasileira, com apoio de serviços de inteligência de diversos países, revelou que agentes secretos russos usaram identidades brasileiras falsas para obter documentos autênticos no Brasil, incluindo passaportes.


A reportagem do jornal norte-americano The New York Times aponta que o interesse dos espiões não era infiltrar-se no governo brasileiro, mas sim aproveitar o prestígio internacional do passaporte nacional.


A força do passaporte brasileiro no cenário global

O passaporte do Brasil está entre os mais respeitados da América Latina. De acordo com a consultoria canadense Arton Capital, o documento ocupa a 43.ª posição global em termos gerais, mas sobe para o 11.º lugar em termos de influência, sendo aceito em 166 países — 109 deles sem necessidade de visto, 51 com visto na chegada e seis mediante autorização eletrónica. Apenas 32 países exigem visto prévio.


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Outro levantamento, realizado pelo Henley Passport Index, coloca o Brasil na 17.ª posição mundial, permitindo entrada em 173 países sem visto. O índice, baseado em dados da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), mostra que apenas Chile e Argentina, na América do Sul, superam o Brasil neste ranking.


Operação internacional expõe rede de espionagem russa

As investigações revelaram que, pelo menos, nove espiões russos recorreram a certidões de nascimento autênticas do Brasil para forjar identidades fictícias. A estratégia permitia a obtenção de documentação oficial brasileira, essencial para se moverem livremente a nível internacional sem despertar suspeitas.


A operação teve início em abril de 2022, após um alerta enviado pela CIA ao governo brasileiro. A agência de inteligência dos Estados Unidos informou que um agente russo, sob o nome de Victor Muller Ferreira, tentava um estágio no Tribunal Penal Internacional, em Haia. Na verdade, tratava-se de Sergey Cherkasov, membro da inteligência militar russa.


Impedido de entrar na Holanda, Cherkasov voltou ao Brasil, passando então a ser vigiado pela Polícia Federal. Posteriormente, foi detido por uso de documentação falsa. Durante o interrogatório, negou envolvimento com espionagem, embora estivesse na posse de documentos brasileiros genuínos, incluindo passaporte, título de eleitor e certificado de reservista.


A farsa foi desmascarada após análise da certidão de nascimento, que revelou inconsistências nas informações sobre os pais do suposto cidadão brasileiro. A mulher identificada como mãe já tinha falecido e não tinha filhos registados, e o homem apontado como pai revelou-se inexistente.


Actualmente, Cherkasov é o único dos espiões russos que permanece detido. Recebeu uma sentença de 15 anos de prisão por falsificação de documentos, mas a pena foi mais tarde diminuída para cinco anos. A Rússia, numa tentativa de repatriá-lo, alegou que ele era procurado por tráfico de drogas, mas o pedido de extradição foi recusado pelas autoridades brasileiras.


M.S.


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