STF restringe Malafaia: sem viagem e sem contato com Bolsonaro
- Monica Stahelin
- há 8 horas
- 2 min de leitura

A PF investiga possível envolvimento do pastor em crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que o pastor evangélico Silas Malafaia está proibido de comunicar-se com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, bem como de sair do território brasileiro. A decisão inclui ainda a entrega de todos os passaportes do religioso às autoridades competentes.
A medida foi tomada no âmbito de uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF), que apura a suposta participação de Malafaia em crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação relativa a organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Troca de mensagens e orientação estratégica
A decisão do ministro Moraes teve como base elementos apresentados pela Polícia Federal e contou com parecer favorável da Procuradoria Geral da República (PGR). Entre os indícios recolhidos, constam mensagens trocadas entre Malafaia e Jair Bolsonaro, nas quais o pastor sugere estratégias para pressionar o STF, associando a suspensão de tarifas impostas pelos Estados Unidos à concessão de anistia aos envolvidos na invasão de Brasília a 8 de janeiro de 2023.
Em determinados trechos, Malafaia defende publicamente a retaliação contra membros do Supremo e suas famílias, insinuando uma campanha articulada para difamar os magistrados e influenciar a opinião pública. O pastor teria também orientado Bolsonaro sobre conteúdos a publicar nas redes sociais com o objetivo de viralizar essa narrativa.
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Acusações e defesa pública
Na noite de 20 de agosto, Malafaia prestou depoimento à Polícia Federal. À saída, foi recebido por apoiantes e declarou-se vítima de perseguição política, afirmando que a apreensão do seu passaporte e telefone não se justifica. "Apreender meu passaporte? Eu não sou bandido", declarou, acusando o ministro Moraes de agir de forma criminosa.
O pastor também criticou o vazamento de informações e afirmou que não se calará: "Vai ter que me prender para me calar". Em declarações anteriores, feitas através das redes sociais, acusou a Polícia Federal de actuar ao serviço do presidente Lula da Silva e do ministro Alexandre de Moraes.
Segundo a PGR, Malafaia desempenha o papel de "orientador e auxiliar" nas acções de coação e obstrução praticadas por Jair e Eduardo Bolsonaro, com o intuito de interferir directamente no processo penal que investiga uma alegada tentativa de golpe de Estado.
O ministro Alexandre de Moraes considerou que há fortes evidências de que o pastor integra uma campanha criminosa organizada, comparando a sua actuação à de milícias digitais. A Polícia Federal tem agora um prazo de 15 dias para apresentar um relatório parcial com base no material apreendido.
M.S.
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