Mais de 1.500 deslocados em Niassa após novos ataques insurgentes
- Monica Stahelin
- 8 de mai.
- 2 min de leitura

Mais de 1.500 pessoas foram forçadas a abandonar as localidades de Mbamba e Macalange, no norte de Moçambique, na sequência de ataques de supostos insurgentes registados desde o final de abril na Reserva Especial do Niassa.
A informação foi avançada esta quarta-feira pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), que alerta para necessidades humanitárias urgentes entre os deslocados.
Segundo o relatório da OIM, um total de 1.537 deslocados procurou refúgio na sede distrital de Mecula, com a maioria a ser acolhida por familiares e membros da comunidade. Para responder à situação de emergência, o Serviço Distrital de Planeamento e Infraestruturas (SDPI) transformou a Escola Básica 16 de Junho num centro de trânsito, onde estão atualmente abrigadas 119 famílias, representando 458 pessoas.
Situação humanitária exige resposta urgente
A agência das Nações Unidas identificou a necessidade de assistência alimentar, apoio psicossocial, tendas familiares e kits de higiene e dignidade, com ênfase na melhoria das condições de saneamento. Os restantes deslocados, cerca de 1.079 pessoas, encontram-se alojados em casas de familiares.
Publicidade
A violência registada nos últimos dias surge após relatos de novos ataques por grupos armados não estatais na área protegida do Niassa, contígua à província de Cabo Delgado, onde desde 2017 se regista uma insurgência associada a extremismo islâmico. Segundo a Polícia da República de Moçambique (PRM), um ataque ocorrido a 29 de abril numa coutada de caça da Reserva Especial do Niassa provocou dois mortos e dois desaparecidos. As autoridades continuam no terreno a recolher informações.
Presença terrorista confirmada na reserva
O ataque mais recente terá visado o acampamento de Mariri, localizado numa das coutadas da Reserva, que abrange cerca de 42 mil quilómetros quadrados em oito distritos das províncias de Niassa e Cabo Delgado. Trata-se do segundo incidente registado na zona em menos de uma semana, depois de movimentações suspeitas no dia 24 de abril.
O ministro da Defesa moçambicano, Cristóvão Chume, confirmou a presença de grupos terroristas na reserva, assegurando que estão a ser tomadas medidas para neutralizar as ameaças. Também os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos emitiram alertas aos seus cidadãos, recomendando a reavaliação de viagens a determinadas áreas da província.
A província vizinha de Cabo Delgado continua a ser o epicentro da violência armada em Moçambique. De acordo com o Centro de Estudos Estratégicos de África, só em 2024 pelo menos 349 pessoas foram mortas em ataques de grupos extremistas islâmicos na região, representando um aumento de 36% face ao ano anterior.
M.S.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal da Globe News
Comments