Mortes por cancro do pulmão atingem máximos de 20 anos em Portugal

Mortes por cancro do pulmão atingem máximos de 20 anos em Portugal © Pedro Correia/Arquivo

Em 2023, Portugal registou quase 4.500 óbitos causados por tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão, o número mais elevado desde 2002, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta tendência crescente de mortalidade tem vindo a intensificar-se desde 2015, com exceção do ano de 2020, afetado pela pandemia. O Norte do país destaca-se por representar 36% destes casos.

Aumento significativo da mortalidade feminina e perfil etário

A mortalidade feminina duplicou nas últimas duas décadas, passando de 576 para 1.160 mortes anuais, aumentando o peso das mulheres no total de óbitos de 18,3% para 25,8%. As faixas etárias entre os 65 e os 84 anos correspondem a mais de metade dos casos, com uma idade média de falecimento de 71,6 anos. A mortalidade prematura, abaixo dos 65 anos, diminuiu de 37,3% para 27,7% neste período.

A taxa bruta de mortalidade atingiu 42,4 óbitos por 100 mil habitantes em 2023, sendo de 65,9 entre os homens e 21,0 entre as mulheres. Nas últimas duas décadas, a taxa nas mulheres duplicou, evidenciando a evolução preocupante da doença.

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Mortes por cancro do pulmão atingem máximos de 20 anos em Portugal © Pedro Correia/Arquivo

Necessidade urgente de políticas públicas eficazes

A Direção-Geral da Saúde (DGS) atribui a persistência destes números às consequências tardias do consumo de tabaco e reforça o compromisso com políticas de prevenção e controlo do tabagismo. Contudo, a pneumologista Sofia Ravara alerta para a insuficiência das políticas públicas em Portugal, destacando que 80% a 85% dos cancros do pulmão estão ligados ao tabaco e sublinha a necessidade urgente de medidas eficazes, como a elevação da taxa sobre os produtos do tabaco, ambientes livres de fumo e campanhas educativas contínuas. Ravara aponta ainda a importância de restringir o acesso de jovens a locais onde o tabaco ainda é permitido, como bares e discotecas, para evitar o aumento do número de fumadores.

O aumento da mortalidade por cancro do pulmão evidencia assim a urgência de reforçar as estratégias de prevenção e sensibilização para combater este problema de saúde pública em Portugal.

B.N.

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