Polícia de SP sob fogo: jovem morto, câmaras mostram controvérsia
- Beatriz S. Nascimento
- há 5 horas
- 2 min de leitura

Imagens recentes das câmaras corporais dos agentes envolvidos na morte de Gabriel Ferreira Messias da Silva, de 18 anos, durante uma abordagem policial ocorrida em novembro de 2024, na Zona Leste de São Paulo, têm levantado sérias dúvidas sobre a conduta dos militares e a veracidade da versão oficial apresentada pelas autoridades.
Discrepâncias nas imagens das câmaras corporais
O jovem foi abordado enquanto saía de um posto de combustíveis na Vila Císper, localidade onde se desencadeou a perseguição. De acordo com o boletim de ocorrência registado pela Polícia Militar, os agentes dispararam contra Gabriel alegando que este teria apontado uma arma para os militares, motivo pelo qual agiram em legítima defesa. No entanto, as imagens captadas pelas câmaras corporais contradizem essa narrativa.
Durante a abordagem, um dos polícias é visto a pedir ao colega que altere o ângulo da câmara corporal, com a frase: “Vira, vira, vira”, sugerindo a tentativa de evitar registar determinados momentos da ação. Pouco depois dos disparos, os agentes descem da viatura e interpelam Gabriel, perguntando se a moto que ele conduzia era roubada. O jovem responde negativamente.
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A reação das autoridades e o impacto social
O relatório da Defensoria Pública de São Paulo, que analisou as imagens, conclui que Gabriel não estava armado no momento do disparo, contrariando a versão apresentada pelos militares. Além disso, as gravações mostram o sargento Ivo Florentino dos Santos a chutar uma arma para o chão, segundos antes de esta ser encontrada perto do corpo da vítima. A ausência de qualquer outra arma além das dos agentes no local levanta questões importantes sobre a legitimidade do uso da força letal.
Nos instantes que se seguiram aos disparos, Gabriel ainda estava vivo e implorou por ajuda, proferindo palavras emocionantes: "Sou trabalhador, senhor. Para que fazer isso comigo, meu Deus? Me ajuda, por favor." Este momento capturado nas imagens evidencia o sofrimento da vítima e aumenta o clamor por justiça.
Face às inconsistências e às evidências apresentadas, o Ministério Público de São Paulo determinou o afastamento cautelar dos dois militares envolvidos nas operações de rua. A defensora pública Andrea Barreto, responsável pela defesa no caso, declarou que as imagens das câmaras corporais revelam “algo estranho” e “inconsistências na versão apresentada pelos policiais”.
Este caso tornou-se um ponto central no debate sobre a conduta policial e o uso da força no Brasil, especialmente em contextos urbanos marcados por elevada violência e tensões sociais. A morte de Gabriel Ferreira Messias da Silva reforça a necessidade de maior transparência, responsabilização e formação adequada das forças de segurança para garantir a proteção dos direitos humanos e a segurança da população.
As investigações continuam em curso, com a comunidade local e organizações de direitos humanos a acompanharem atentamente os desdobramentos deste processo.
B.N.
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