Rússia e o problema das suspensões no futebol internacional
- Monica Stahelin
- 28 de mar.
- 3 min de leitura

Enquanto a Rússia continua suspensa pela FIFA, a Associação de Futebol da Palestina propôs a suspensão de Israel, refletindo a complexa interseção entre futebol e política. A UEFA realiza o seu Congresso em Belgrado na próxima semana, e, apesar de uma agenda aparentemente tranquila, nos bastidores discute-se intensamente o retorno da Rússia ao futebol.
A pressão por uma possível reintegração da Rússia no futebol
Esses esforços estão a ser impulsionados por uma mistura de interesses desportivos e políticos, com algumas vozes a argumentar que a exclusão do país foi precipitada. A Rússia, que mantém considerável influência no futebol global, ainda enfrenta resistência interna e externa em relação à sua suspensão. No entanto, esta situação não é inédita, e a FIFA e a UEFA têm sido criticadas pela sua falta de uma abordagem uniforme para lidar com crises políticas dentro do futebol.
A questão da Palestina e a proposta de suspensão de Israel
Simultaneamente, a Federação Palestina de Futebol (PFA) pediu a suspensão de Israel, uma proposta apoiada pela Confederação Asiática de Futebol. A PFA argumenta que o conflito em curso resultou em inúmeras vítimas e destruição de infraestruturas, afetando diretamente a prática do futebol na Palestina. Além disso, a organização Human Rights Watch acusou a Federação Israelita de Futebol de organizar atividades em territórios ocupados, o que violaria as normas da FIFA.
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Esta situação levou ao surgimento de um movimento de apoio à Palestina, que exige que a UEFA e a FIFA apliquem as suas próprias normas e suspendam Israel das competições internacionais. Embora haja manifestações em vários países, muitos questionam se estas demandas estão a ser encaminhadas para o órgão certo, dado que a suspensão de um país do futebol internacional é uma questão de complexidade política e jurídica.
A distinção entre futebol e política nas suspensões internacionais
A FIFA e a UEFA têm sido criticadas por decisões ad hoc quando se trata de suspensões políticas. Historicamente, as sanções desportivas foram principalmente motivadas por questões relacionadas com o próprio funcionamento do futebol, como no caso de seleções que violaram regulamentos internos ou sofreram interferência governamental. Exceções ocorreram em situações como o apartheid na África do Sul, o conflito dos Balcãs e a guerra na Ucrânia, onde a FIFA decidiu suspender a Rússia por razões políticas, após a recusa de várias seleções europeias em jogar contra o país.
Embora a FIFA tenha sido pressionada por governos e figuras públicas a tomar uma posição firme, a organização tem preferido evitar intervenções políticas diretas, defendendo que o futebol deve ser um espaço de união, independentemente dos conflitos geopolíticos que possam ocorrer. O presidente da FIFA, Gianni Infantino, afirmou que a sua missão é ter todos os países a jogar, uma posição que reflete a dificuldade em legislar sobre conflitos políticos globais sem dividir ainda mais o desporto.
Futuro das suspensões
Caso haja um cessar-fogo na guerra na Ucrânia, já estão a ser preparados planos para a reintegração da Rússia nas competições internacionais. A expectativa é que, após a normalização da situação política e desportiva, o Comité Olímpico Internacional (COI) e a Federação Internacional de Hóquei sejam os primeiros a dar os passos para a reintegração da Rússia, com o futebol a seguir o mesmo caminho.
Este processo será, no entanto, demorado e com muitos obstáculos, incluindo a pressão de figuras políticas como Donald Trump, que poderia exigir a inclusão da Rússia na Copa do Mundo de 2026. Até lá, a discussão sobre as suspensões políticas e a sua aplicação no futebol internacional deverá continuar a ser uma questão controversa, com pouca probabilidade de mudanças significativas no curto prazo.
M.S.
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