Cães usados como isco: um negócio cruel e em crescimento
- Beatriz S. Nascimento
- 13 de abr.
- 2 min de leitura
A preparação para estes confrontos envolve ainda um outro acto igualmente perturbador: a utilização de cães mais frágeis como "isco". Estes animais são frequentemente amarrados, com as mandíbulas seladas, ou lançados sem defesa num recinto com cães treinados para matar. Esta prática, conhecida como dog baiting, tem vindo a crescer de forma alarmante, com cada vez mais cães a serem adquiridos exclusivamente para servirem como vítimas de treino.
Karen Taylor, de 44 anos, trabalha desde os 19 no resgate de animais e afirma nunca ter testemunhado uma realidade tão devastadora como a actual. "Sinto que a maioria das pessoas não faz ideia do quão grave isto se tornou. Choro todas as manhãs", relatou ao Liverpool Echo.
A activista, ligada ao centro de resgate Animal Alliance, denuncia que há quem esteja a fazer desta prática um negócio a tempo inteiro. “Estão a procurar cães gratuitamente online para depois os venderem por cerca de 300 libras — apenas para serem destroçados em lutas.”
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Muitos dos animais utilizados como isco são entregues voluntariamente pelos donos, enganados por indivíduos que se fazem passar por famílias respeitáveis. “Chegam com mulher e filhos, fingem ser um lar amoroso... mas o destino daqueles cães é horrível”, lamenta Karen.
Abandono em massa e centros de resgate sobrelotados
A situação agravou-se ainda mais após a proibição da raça XL Bully, que resultou no abandono em massa de cães em parques, estradas e até praias. Casos de maus-tratos extremos têm sido relatados: animais deixados à fome, espancados, queimados ou encontrados com fitas adesivas ou sacos plásticos a envolverem as cabeças.
“Os centros de resgate já não têm capacidade. Estamos todos sobrelotados. Há cães a serem largados todos os dias. Encontrámos uma ninhada abandonada na praia de Freshfield — nenhum sobreviveu”, contou Karen. “Outra ninhada foi atirada pela janela de um carro. Apenas um dos cachorros conseguiu viver. Há abrigos a ter de partilhar canis entre dois ou mais cães. Está fora de controlo.”
A crescente banalização deste tipo de crueldade levanta sérias preocupações junto das associações de proteção animal, que pedem medidas urgentes e reforço dos mecanismos de investigação e punição para travar uma realidade que, apesar de escondida, está cada vez mais presente no quotidiano.
B.N.
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Um total desrespeito a vida desses animais, coitados! As pessoas nem se preocupam pelas crianças a passar fome, menos pelos cães, infelizmente.