Empresas de Portugal acusadas de importar madeira ilegal da Amazónia
- Monica Stahelin
- 3 de abr.
- 2 min de leitura

Duas empresas portuguesas estão entre 15 companhias europeias acusadas de importar madeira exótica brasileira proveniente de desflorestação ilegal na Amazónia. A denúncia foi feita esta quinta-feira pela organização não-governamental norte-americana Agência de Investigação Ambiental (EIA), que revelou que a madeira, em grande parte da espécie Ipê, estava a ser extraída de áreas não autorizadas na floresta tropical e comercializada com referências falsas para evitar a detecção dos controlos oficiais.
De acordo com a EIA, as empresas importadoras europeias e norte-americanas falharam em realizar as diligências necessárias para garantir a origem legítima da madeira. A organização também aponta como problema o fato de várias serrarias e exportadoras brasileiras já estarem registradas por praticarem irregularidades. “As empresas não fizeram a diligência suficiente para eliminar o risco da origem ilegal dessa madeira”, afirmou Christopher Moye, um dos autores do relatório.
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A investigação concentrou-se no Estado do Pará, no norte do Brasil, onde foram identificadas práticas ilegais de extração de madeira de florestas protegidas. As imagens de satélite e dados públicos revelaram operações fraudulentas, incluindo suborno de fiscais para adulterar inspeções. Segundo a EIA, mais de 53 mil metros cúbicos de madeira ilegal podem ter sido movimentados entre 2021 e 2024.
Empresas portuguesas reagem às acusações
As empresas portuguesas envolvidas, a Lumber Unipessoal e a Playmade Comércio de Madeiras, estão entre as identificadas na investigação. A Lumber Unipessoal defende que os seus processos são escrutinados por órgãos nacionais, como o ICNF, e que implementou políticas rigorosas para mitigar o risco de adquirir madeira ilegal. Gabriel Torres da Costa, gerente da empresa, assegurou que a companhia tem uma política bem definida de compra de madeira e exclui portos de embarque com riscos de irregularidades.
A Playmade não comentou oficialmente a acusação, reservando-se para após a publicação do relatório. A EIA, por sua vez, planeia protestar junto das autoridades competentes da União Europeia e de Portugal, pedindo uma investigação aprofundada das empresas importadoras.
Desafios na rastreabilidade e apelo a medidas mais rigorosas
Apesar de reconhecê-lo como um desafio, Moye afirmou que as verificações da origem da madeira podem ser feitas rapidamente, utilizando ferramentas como imagens de satélite. A organização também apela a um maior controlo do setor madeireiro no Brasil e a um esforço mais significativo por parte dos Estados Unidos e da União Europeia para assegurar o cumprimento das suas legislações ambientais, como a Lei Lacey nos EUA e a regulamentação sobre a desflorestação na UE.
O Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex) revelou que a área de extração ilegal de madeira na Amazónia aumentou 19% entre 2022 e 2023. A EIA reforça a necessidade de intensificar a supervisão e as ações de combate à extração ilegal e ao comércio de madeira, alertando para o impacto ambiental devastador desta prática.
M.S.
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