Ex-PSP à frente de rede criminosa que lucrou 750 mil euros com tráfico
- Monica Stahelin
- 14 de mai.
- 2 min de leitura

O Ministério Público acusou uma rede criminosa composta por 14 arguidos, entre os quais dois ex-agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP), de envolvimento no tráfico internacional de cocaína, com lucros superiores a 750 mil euros. O grupo operava sobretudo no Norte de Portugal, recorrendo a métodos sofisticados de importação da droga, incluindo a ocultação da substância em cascos de navios provenientes do Brasil.
Alberto Couto, conhecido como “Joca”, e Vítor Pimenta, apelidado de “Vitinha”, eram os líderes de duas células independentes, mas interligadas, da organização criminosa. Ambos tinham canais próprios de importação e distribuição de estupefacientes, embora partilhassem o mesmo colaborador de confiança: Flávio Guerra, mais conhecido como “Lieto”, também detido preventivamente. As autoridades consideram que os três detinham o controlo operacional da rede.
Cocaína escondida em navios e coordenada por GPS
A estrutura liderada por “Joca” recorria a contentores com mercadoria legal para camuflar os carregamentos de cocaína, desconhecidos pelos remetentes e destinatários legítimos. A operação incluía o recurso a trabalhadores portuários para extrair a droga já em território nacional, nomeadamente no Porto de Leixões. A Polícia Judiciária (PJ) recolheu provas de que o ex-PSP retirava diretamente os “tabletes” de cocaína dos cascos dos navios, com localização controlada em tempo real através de dispositivos GPS integrados nos carregamentos.
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Em maio de 2023, a tentativa de extrair um carregamento avaliado em 1,7 milhões de euros do cargueiro Pluto, atracado em Leixões, foi frustrada pelas autoridades. Após a apreensão, os localizadores deixaram de emitir sinal ao serem levados para as instalações da PJ no Porto.
“Vitinha” fugiu da detenção durante peregrinação a Fátima
Na operação que desmantelou a célula de “Joca”, em maio do ano passado, “Vitinha” escapou à detenção por se encontrar numa peregrinação ao Santuário de Fátima. Segundo o MP, mesmo em fuga, manteve-se ativo nas operações criminosas, coordenando dois elementos da rede através de comunicações encriptadas. Ambos foram detidos meses depois, na posse de droga escondida num compartimento secreto de um veículo.
As autoridades contabilizaram ainda os lucros e património acumulados pelo grupo, concluindo que o montante obtido com o tráfico internacional de cocaína ascendeu a, pelo menos, 750 mil euros. Apenas entre 2019 e 2023, “Joca” declarou cerca de 37 mil euros em rendimentos lícitos, mas acumulou um património no valor de 277 mil euros, incluindo dois Audi Q7 e um Porsche Panamera. A disparidade foi considerada indício evidente de atividade ilícita.
O Ministério Público acusa os 14 arguidos dos crimes de associação criminosa, tráfico de droga e posse de arma proibida.
M.S.
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