Governo moçambicano admite desafios na distribuição de medicamentos
- Monica Stahelin
- 13 de fev.
- 2 min de leitura

O Ministro da Saúde de Moçambique, Ussene Isse, reconheceu, esta quinta-feira, que embora o país tenha "stock" de medicamentos suficiente para os próximos nove meses, a principal dificuldade reside na distribuição eficaz dos fármacos aos pacientes. Em declarações à comunicação social, Isse afirmou que o alívio no fornecimento de medicamentos tem permitido ao país manter-se confortável em termos de quantidade, mas sublinhou que o grande desafio é garantir que os medicamentos cheguem diretamente à "boca do doente".
Visita a fábricas de medicamentos no sul do país
Ussene Isse também visitou duas fábricas de medicamentos na província de Maputo, onde expressou confiança nas capacidades locais para produzir os fármacos necessários ao Sistema Nacional de Saúde (SNS). O ministro destacou que as fábricas têm potencial para não apenas abastecer o país, mas também exportar para países vizinhos, dado que os produtos têm a qualidade exigida. O governo moçambicano tem defendido a redução da dependência externa na produção de medicamentos e, para isso, pretende incentivar o fortalecimento das indústrias locais.
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Apoio internacional e desafios orçamentais
O governo de Moçambique tem contado com apoio internacional significativo, nomeadamente da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que em 2023 forneceu mais de 664 milhões de dólares (aproximadamente 639 milhões de euros). No entanto, o Ministério da Saúde moçambicano enfrenta desafios internos, como a escassez de medicamentos em alguns hospitais públicos, situação que gerou protestos de profissionais de saúde, que reivindicam melhores condições de trabalho e a garantia de recursos suficientes para o funcionamento adequado das unidades de saúde.
Além disso, o país tem lidado com greves e manifestações de médicos e outros profissionais da saúde, que pedem condições mais dignas de trabalho, incluindo a distribuição de medicamentos sem custos adicionais para os pacientes, a melhoria das infraestruturas hospitalares e a aquisição de equipamentos médicos essenciais. A suspensão de apoio financeiro por parte dos Estados Unidos, conforme destacado pelo porta-voz do governo, Inocêncio Impissa, também tem implicações diretas na aquisição e distribuição de medicamentos, colocando em risco programas de saúde essenciais, como o combate ao VIH/Sida e à tuberculose.
Situação fiscal e desafios orçamentais
O Governo moçambicano tem alocado anualmente uma verba significativa para a compra de medicamentos, cerca de 116 milhões de euros. Apesar disso, o sistema de saúde enfrenta uma pressão crescente, exacerbada pela escassez de recursos, falta de medicamentos em algumas unidades de saúde e a crescente demanda por tratamento. Este contexto desafia ainda mais a capacidade do Governo de garantir um acesso equitativo à saúde para toda a população, principalmente em tempos de crise econômica e redução de apoios internacionais.
M.S.
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