Mulheres médicas superam homens pela primeira vez no Reino Unido
- Monica Stahelin
- 6 de mar.
- 3 min de leitura

Pela primeira vez desde que o registo médico foi aberto em 1871, o número de mulheres médicas no Reino Unido ultrapassou o de homens, num marco histórico no setor da saúde. Segundo o Conselho Geral de Medicina (GMC), atualmente há 164.440 mulheres registadas com licença para exercer a medicina, em comparação com 164.195 homens.
Este aumento das mulheres na profissão médica vem sendo observado desde 2015, com o número de estudantes de medicina do sexo feminino a superar o de homens em todas as regiões do Reino Unido desde o ano académico de 2018/19. A demografia da força de trabalho médica está a mudar rapidamente, e as lideranças de saúde saudaram este avanço como uma conquista significativa para o setor.
Mudança significativa na força de trabalho médica
A professora Dame Carrie MacEwen, presidente do GMC e oftalmologista consultora, descreveu esta mudança como “um marco significativo”. Em declarações, afirmou:
“A demografia da força de trabalho médica está a mudar rapidamente, e essa diversidade beneficiará os pacientes. É fundamental que todos os médicos sejam valorizados, independentemente do seu género, etnia ou qualquer outra característica.”
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No entanto, a professora MacEwen alertou que as mulheres que se formam em medicina ainda enfrentam desafios que precisam de ser reconhecidos e resolvidos. Acessibilidade a oportunidades de progressão na carreira e a criação de ambientes de trabalho inclusivos são alguns dos pontos que precisam de ser trabalhados, particularmente para as mulheres que já estão a exercer a profissão.
Especialidades médicas e desigualdade de género
A proporção de médicas é mais elevada na Escócia, onde as mulheres representam 54,8% da força de trabalho médica. Na Irlanda do Norte, as mulheres constituem 53,5%, enquanto em Inglaterra e no País de Gales as percentagens são de 49,7% e 47,3%, respetivamente.
Em termos de especialidades, as mulheres estão mais representadas em áreas como obstetrícia e ginecologia (63% mulheres, 37% homens) e pediatria (60,8% mulheres, 39,2% homens). Além disso, há mais médicas a exercerem a medicina geral (GP), representando 57,7% contra 42,3% de médicos homens.
Por outro lado, áreas como a cirurgia (16,9% mulheres, 83,1% homens), oftalmologia (35,1% mulheres, 64,9% homens) e medicina de urgência (37,1% mulheres, 62,9% homens) ainda mostram uma grande disparidade de género, com a presença feminina significativamente inferior.
Desafios persistentes e necessidade de ação contínua
Tanto a Associação Médica Britânica (BMA) como a Federação de Mulheres Médicas alertaram para a necessidade de continuar a combater o sexismo e o assédio sexual, e garantir que as mulheres possam progredir nas suas carreiras, equilibrando a vida profissional com as responsabilidades familiares, incluindo a maternidade.
Dr. Latifa Patel, presidente da BMA Representative Body, destacou que, ao analisar os números mais de perto, observa-se uma grande variação nas especialidades médicas em que as mulheres se inserem. A maioria opta por ser médicas de família ou pediatras, enquanto poucas seguem para áreas como a cirurgia, o que representa um desafio para a progressão da carreira e para o atendimento de pacientes, uma vez que todos os pacientes devem beneficiar da experiência de médicas e médicos de todas as especialidades.
O caminho para a valorização das mulheres na medicina
A professora Scarlett McNally, presidente da Federação de Mulheres Médicas e cirurgiã, também comemorou a mudança histórica e destacou a importância de celebrar a conquista. Para McNally, o público deve respeitar as médicas e procurar o seu aconselhamento sobre as opções de tratamento. “Devemos todos valorizar as médicas como um talento valioso ainda não explorado e parar de esperar por um cavaleiro de armadura brilhante", disse ela, sublinhando que as mulheres na medicina são uma enorme fonte de competência e inovação ainda por ser plenamente reconhecida.
M.S.
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