Onda de ataques em Cabo Delgado deixa 24.000 deslocados
- Beatriz S. Nascimento
- 4 de mai.
- 2 min de leitura

A violência em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, tem gerado uma crise humanitária crescente, com mais de 24.000 pessoas deslocadas desde o início do ano, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). O número de deslocados resultou de uma nova onda de ataques armados, protagonizada por grupos associados ao extremismo islâmico, em sete distritos da província de Cabo Delgado.
A agência da ONU detalhou que as pessoas forçadas a fugir de suas aldeias provêm dos distritos de Macomia, Meluco, Mocímboa da Praia, Montepuez, Muidumbe, Nangade e Ancuabe, sendo este último o mais afetado. Em Ancuabe, o número de deslocados atingiu 14.929. A violência, que se intensificou no mês de março, gerou um aumento alarmante de incidentes violentos, com 52 incursões e mais de 150 civis sequestrados pelos agressores.
Desafios para a ajuda humanitária e resposta internacional
Cabo Delgado vive uma guerra que já dura desde outubro de 2017, com ataques regulares de facções armadas ligadas ao grupo extremista Estado Islâmico. As incursões têm se tornado cada vez mais frequentes e violentas, com grande parte das populações a serem forçadas a abandonar suas casas em busca de segurança. O OCHA refere que a situação é ainda mais agravada pela "insegurança e desafios logísticos", que dificultam a chegada da ajuda humanitária, especialmente devido aos sequestros e ao acesso limitado às principais rotas de abastecimento.
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Em resposta à crise, as autoridades e parceiros humanitários começaram a implementar esforços de socorro, incluindo a distribuição de alimentos e o apoio em áreas de saneamento e higiene, essenciais para garantir a saúde das populações afetadas. Contudo, os ataques constantes dificultam o avanço dessas operações de ajuda.
Aumento das vítimas e escalada de violência em 2024
O ataque mais recente em Ancuabe ocorreu em 17 de novembro de 2024, na aldeia de Nacuale, situada a cerca de 20 quilómetros da vila principal, e resultou em pelo menos 15 mortos. A escalada de violência é refletida no aumento de vítimas mortais: em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques armados atribuídos a grupos extremistas islâmicos, um aumento de 36% em relação a 2023, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
A situação continua a exigir uma resposta coordenada e urgente para enfrentar os desafios humanitários e de segurança na região, enquanto o número de deslocados aumenta a cada novo ataque.
B.N.
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