Reservas Internacionais Moçambicanas Registam Recuo em Janeiro
- Beatriz S. Nascimento
- 18 de abr.
- 3 min de leitura

As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) de Moçambique recuaram para 3.676 milhões de dólares (aproximadamente 3.397 milhões de euros) em janeiro de 2025, o valor mais baixo registado nos últimos seis meses, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Moçambique e compilados pela Lusa. Este valor representa uma queda de cerca de 2% em comparação com os 3.740 milhões de dólares (cerca de 3.456 milhões de euros) registados no final de 2024, o que indica uma redução nas reservas em um curto espaço de tempo.
Declínio após Picos de 2024 e Oportunidades para Estabilização
O recuo nas reservas ocorre após um período de crescimento significativo, particularmente em 2024. Em janeiro daquele ano, as reservas haviam atingido 3.601 milhões de dólares (cerca de 3.325 milhões de euros), o valor mais alto desde setembro de 2021. Já em julho de 2024, o país chegou a um recorde de 3.807 milhões de dólares (aproximadamente 3.515 milhões de euros), o maior valor em três anos. No entanto, o retrocesso observado em janeiro de 2025 representa um desafio, pois diminui a margem de manobra financeira de Moçambique e pode afetar sua capacidade de cumprir compromissos internacionais e cobrir as necessidades de importações e pagamentos de serviços externos.
O Desafio da Gestão das Reservas pelo Banco de Moçambique
O Banco de Moçambique tem vindo a implementar uma gestão cautelosa das suas reservas de divisas. As Reservas Internacionais Líquidas são fundamentais para garantir a estabilidade económica do país, permitindo o pagamento de bens e serviços importados e assegurando a confiança internacional. Apesar do recuo nas reservas, o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, reiterou em várias ocasiões que as reservas são "confortáveis", embora tenha alertado para a necessidade de não utilizá-las de forma excessiva. Em 8 de novembro de 2024, Zandamela afirmou que o banco não estava "a queimar" as reservas, e que estas devem continuar disponíveis para garantir o funcionamento normal das instituições e da economia nacional. "Não vamos queimar reservas e não estamos a queimar reservas. Elas continuam ali para permitir o funcionamento normal do nosso país e das nossas instituições", disse Zandamela, sublinhando que a gestão prudente é fundamental.
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Implicações para a Economia Nacional e o Comércio Internacional
A redução nas Reservas Internacionais Líquidas pode ter várias implicações para a economia de Moçambique. Em primeiro lugar, pode afetar a capacidade do país em cobrir os custos de importação de bens e serviços, o que pode, por sua vez, influenciar o valor do metical e o equilíbrio das contas externas. Além disso, a queda nas reservas pode tornar o país mais vulnerável a choques económicos externos, como variações nos preços das matérias-primas ou flutuações nas taxas de câmbio.
Por outro lado, o Banco de Moçambique tem demonstrado flexibilidade na sua abordagem, procurando encontrar um equilíbrio entre o uso das reservas e a manutenção de uma posição sólida. O aumento das reservas em 2024 é um reflexo dos esforços de gestão da política monetária e cambial, mas o desafio agora é sustentar a recuperação económica enquanto se lida com uma situação financeira mais apertada.
Possíveis Impactos para o Sector Privado e as Importações
Uma das maiores preocupações em Moçambique tem sido a escassez de divisas no mercado, um problema que os empresários têm sinalizado constantemente. O recuo nas reservas pode intensificar essas dificuldades, uma vez que as empresas podem encontrar mais obstáculos para obter as divisas necessárias para as suas transações internacionais. A gestão da oferta de divisas, portanto, permanece um desafio crucial para o Banco de Moçambique, que deve procurar estabilizar as suas reservas, sem comprometer a capacidade de apoiar a economia local.
Além disso, o Banco de Moçambique continua a reforçar a necessidade de diversificar as fontes de divisas e aumentar a sua produção interna. O Governo moçambicano tem de promover a utilização de fontes alternativas de financiamento e expandir as suas exportações, o que poderia ajudar a melhorar a situação das reservas e reduzir a dependência das importações.
B.N.
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