Rússia solicita aos EUA a suspensão de ataques aos Houthis
- Beatriz S. Nascimento
- 15 de mar.
- 4 min de leitura

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, fez um apelo aos Estados Unidos neste domingo (16), solicitando a suspensão imediata dos ataques ao grupo rebelde Houthi no Iémen. A solicitação foi feita durante uma conversa telefónica entre Lavrov e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. O ministro russo sublinhou a necessidade de um diálogo entre todas as partes envolvidas para evitar mais "derramamento de sangue" e procurar uma solução pacífica para o conflito em curso. O governo russo argumenta que a mediação diplomática é essencial para alcançar a paz e impedir o agravamento da situação humanitária no Iémen, um país já devastado pela guerra.
Este pedido ocorre depois de uma intensa operação militar dos Estados Unidos contra os Houthis, no sábado (15), que resultou na morte de pelo menos 31 pessoas e deixou 101 feridos, de acordo com a agência Reuters. O ataque aéreo, ordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, visou alvos do grupo rebelde no Iémen, como parte de uma série de ações militares contra o que os EUA consideram uma ameaça crescente vinda dos Houthis. A ofensiva foi lançada após o grupo anunciar planos de retomar os ataques a navios israelenses, que haviam sido suspensos no âmbito do cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. A Casa Branca explicou que a operação tinha como objetivo defender ativos marítimos dos EUA e impedir possíveis ações terroristas.
Rússia e EUA: Diálogo em busca de soluções diplomáticas
Lavrov, que tem mantido uma postura de apoio ao Irã, aliado dos Houthis, expressou preocupação com o risco de o conflito no Iémen se expandir, comprometendo os esforços internacionais de paz. A Rússia, juntamente com o Irã, tem sido uma das principais potências a apoiar os Houthis, enquanto os Estados Unidos se alinham com os governos saudita e dos Emirados Árabes Unidos na luta contra o grupo no Iémen. Nos últimos tempos, Moscovo e Washington têm mostrado uma crescente aproximação, principalmente para discutir soluções diplomáticas relacionadas à guerra na Ucrânia.
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Após o ataque, o gabinete político dos Houthis emitiu um comunicado acusando os Estados Unidos de cometerem um "crime de guerra" e ameaçou retaliar, prometendo uma "escalada com escalada" no conflito, o que indicaria uma intensificação dos ataques. Uma autoridade dos EUA mencionou que a operação militar contra os Houthis no Iémen poderia se estender por dias ou até semanas, dependendo da evolução dos confrontos.
A Retórica de Trump e a Intensificação do Conflito
A ofensiva norte-americana foi uma resposta direta à crescente agressão do grupo rebelde na região, que nos últimos meses tem realizado mais de 100 ataques a navios comerciais que cruzam o Mar Vermelho. Os Houthis justificam essas ações como uma forma de solidariedade com a causa palestina, no contexto da guerra entre Israel e o Hamas. A Casa Branca, por sua vez, afirmou que a operação foi necessária para garantir a segurança de seus cidadãos e proteger os interesses estratégicos dos EUA na região.
O presidente Donald Trump, em uma rede social, declarou que os ataques dos Houthis a embarcações americanas "não serão tolerados". Ele afirmou que, caso as ações do grupo continuem, os EUA usarão "força letal esmagadora" para atingir seus objetivos e que os Houthis enfrentariam "um inferno como nada que já viram antes". A retórica do presidente americano é um reflexo da sua postura firme contra o grupo rebelde e outros atores que considera uma ameaça à segurança nacional dos EUA.
Quem são os Houthis?
Os Houthis, conhecidos também como Ansar Allah, pertencem ao chamado "Eixo de Resistência", uma rede de organizações politicamente alinhadas ao Irã e hostis ao Estado de Israel. Este eixo inclui também o Hezbollah libanês, o Hamas palestino e o regime sírio de Bashar al-Assad. A organização Houthi surgiu nos anos 1990, inicialmente como um movimento religioso e político de resistência contra o governo do então presidente Ali Abdullah Saleh, e teve origem no norte do Iémen, onde pertence a uma minoria muçulmana xiita, os zaiditas.
Desde o início da sua formação, os Houthis têm adotado uma retórica agressiva contra os Estados Unidos, Israel e os seus aliados, adotando slogans como "Morte aos Estados Unidos", "Morte a Israel" e "Vitória ao Islã". O grupo se declarou parte do "Eixo de Resistência" liderado pelo Irã contra o Ocidente e contra Israel, o que os colocou em confronto direto com várias potências ocidentais. Sua influência aumentou ao longo dos anos, especialmente após a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003, e sua ascensão culminou em sua participação ativa na guerra civil do Iémen, que começou em 2015.
A aliança com o Irã e o seu envolvimento no "Eixo de Resistência" tornaram os Houthis em um ator crucial na dinâmica política e militar do Oriente Médio, especialmente em relação às tensões entre as potências ocidentais e o Irã.
B.N.
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