Saakashvili é condenado a mais quatro anos de prisão na Geórgia
- Monica Stahelin
- 17 de mar.
- 3 min de leitura

O ex-presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, foi condenado a mais quatro anos e meio de prisão, após um julgamento realizado na segunda-feira. A nova sentença refere-se à sua travessia ilegal da fronteira quando regressou ao país em 2021, após anos de exílio. A informação foi confirmada pelo advogado do ex-presidente.
Saakashvili já se encontra a cumprir outras penas de prisão por crimes de desvio de fundos e abuso de poder durante o seu tempo no governo, o que faz com que o total da sua sentença ultrapasse os 12 anos de prisão.
O ex-presidente tem sempre negado as acusações e considera a sua mais recente condenação como "ilegal" e "injusta". Organizações de defesa dos direitos humanos afirmam que a prisão de Saakashvili é motivada politicamente, alegando que a sua oposição ao partido no poder, o Georgian Dream, que favorece uma maior aproximação com a Rússia, é a verdadeira razão por detrás da sua detenção. Durante o seu mandato, Saakashvili procurou estreitar laços com os países ocidentais.
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Reações Internacionais e Apelos pela Sua Libertação
Através de um vídeo publicado na plataforma X na segunda-feira, a partir do hospital onde se encontra detido, Saakashvili afirmou: "Independentemente de tudo, vou lutar até ao fim."
Saakashvili já havia sido condenado, na semana passada, a nove anos de prisão por desvio de fundos, sentença que corre em paralelo com a pena que já estava a cumprir. Em 2018, foi julgado à revelia e condenado em dois processos distintos.
O ex-presidente foi detido em 2021, após ter feito um regresso surpresa à Geórgia, antecipando as eleições locais do país. Ao tentar entrar de forma clandestina, atravessando a fronteira a partir da Ucrânia, foi rapidamente preso pelas autoridades georgianas, apesar de ter apelado a manifestações de massa contra o governo.
Saakashvili, de 57 anos, foi presidente da Geórgia entre 2004 e 2013. Após deixar o cargo, viveu maioritariamente na Ucrânia, país onde obteve a cidadania em 2015 e renunciou à sua nacionalidade georgiana ao tornar-se governador da região de Odessa. A sua cidadania ucraniana foi revogada em 2017, mas foi restaurada em 2019 pelo presidente Volodymyr Zelensky.
Em um vídeo gravado para o público, Saakashvili acusou a sentença de ser uma tentativa de enviar uma mensagem ao presidente ucraniano, dizendo:
"Isto [a sentença] é basicamente uma mensagem... para o presidente Zelensky, para o assustar, mostrando o que acontece quando não se rende ao seu país... Eu não me rendi à Geórgia." No vídeo, o ex-presidente estava a usar uma camisa preta com as palavras "Eu sou ucraniano" estampadas.
Zelensky, que nomeou Saakashvili para supervisionar as reformas na Ucrânia, já pediu a sua transferência para Kiev, acusando a Rússia de "matar" Saakashvili "pelas mãos das autoridades georgianas".
A União Europeia tem reiterado os apelos pela libertação imediata de Saakashvili, expressando preocupação pela sua saúde cada vez mais debilitada. O Conselho da Europa classificou-o como "prisioneiro político", e a Amnistia Internacional condenou o tratamento a que está a ser sujeito, considerando-o uma "aparente vingança política".
M.S.
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