Tribunal turco mantém prisão de prefeito opositor a Erdogan e gera onda de protestos
- Beatriz S. Nascimento
- 23 de mar.
- 3 min de leitura

O Tribunal turco ordenou, neste domingo (23), que o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, permaneça preso enquanto aguarda o desfecho do julgamento por acusações de corrupção. Imamoglu, um dos principais opositores do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, foi detido na última quarta-feira (19) após uma operação policial em sua residência, desencadeando protestos massivos em várias cidades do país, que se tornaram a maior onda de manifestações públicas na Turquia em mais de uma década.
Oposição à prisão gera grandes manifestações nas ruas da Turquia
Imamoglu, que é membro do partido de oposição CHP (Partido Republicano do Povo), enfrenta diversas acusações, incluindo liderar uma organização criminosa, aceitar subornos, extorsão, gravação ilegal de dados pessoais e fraude em licitações públicas. No entanto, o tribunal rejeitou um pedido para que ele fosse acusado de crimes relacionados ao terrorismo. Em resposta à decisão judicial, os advogados de Imamoglu informaram que a defesa contestará a prisão, que é vista por muitos como parte de uma estratégia política para neutralizar o principal opositor de Erdogan nas próximas eleições presidenciais.
Imamoglu, que tem 52 anos, é amplamente conhecido por sua popularidade como prefeito de Istambul e pela sua postura crítica ao governo de Erdogan. Ele foi eleito prefeito da maior cidade da Turquia em 2019, em uma vitória significativa para a oposição. Imamoglu havia se destacado por sua postura moderada e progressista, e era visto como um forte candidato à presidência nas eleições de 2028. No entanto, sua prisão interrompe esses planos, já que ele foi impedido de concorrer nas próximas eleições presidenciais devido às acusações que enfrenta.
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O caso gerou uma enorme mobilização nas ruas, com milhares de turcos saindo às ruas em protesto contra a detenção do prefeito. As manifestações, que ocorreram em várias cidades da Turquia, incluindo Istambul, Ancara e Izmir, têm sido majoritariamente pacíficas, com pessoas demonstrando seu apoio a Imamoglu e criticando o governo de Erdogan. No entanto, houve confrontos violentos, especialmente em Istambul, onde a polícia usou canhões de água, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e disparos de balas de borracha para dispersar os manifestantes. Alguns protestantes reagiram jogando pedras e outros objetos contra as forças de segurança.
Além de Imamoglu, outras 47 pessoas foram presas em conexão com o caso, incluindo dois prefeitos distritais de Istambul e um assessor próximo ao prefeito. Outros 44 suspeitos foram libertados sob controle judicial, mas permanecem sob vigilância. A detenção de Imamoglu também resultou em seu afastamento imediato do cargo de prefeito de Istambul. O Ministério do Interior da Turquia informou que o conselho do município de Istambul deverá eleger um prefeito interino nos próximos dias.
O caso de Imamoglu não é um incidente isolado no contexto político turco. O governo de Erdogan tem sido criticado por sua repressão à oposição e pela crescente concentração de poder no Executivo, além de sua resposta cada vez mais autoritária aos protestos e manifestações populares. O governo de Erdogan tem enfrentado um crescente movimento de contestação interna, com muitos acusando o presidente de usar o sistema judiciário e as forças de segurança para silenciar a oposição.
O julgamento de Imamoglu, que atraiu a atenção tanto nacional quanto internacional, continua a ser um ponto de tensão política na Turquia. A comunidade internacional tem expressado preocupações sobre o respeito ao Estado de Direito e à liberdade de expressão no país, especialmente em relação à crescente repressão aos opositores de Erdogan.
A prisão de Imamoglu tem repercutido amplamente na Turquia, com muitos interpretando a ação como uma tentativa de enfraquecer a oposição antes das próximas eleições. A luta pela liberdade política e a defesa do direito de se opor ao governo de Erdogan continuam a ser questões centrais no debate político turco, e o futuro de Imamoglu e da oposição no país permanece incerto.
B.N.
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