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Stewart Sukuma alerta: Moçambique enfrenta um futuro obscuro

Stewart Sukuma
Stewart Sukuma alerta: Moçambique enfrenta um futuro obscuro ©Luisa Nhantumbo/Lusa

O músico moçambicano Stewart Sukuma, numa entrevista à agência Lusa, fez duras críticas ao atual momento político de Moçambique, afirmando que a crise pós-eleitoral no país tem gerado um "futuro obscuro". Para o artista, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, perdeu o "pensamento coletivo", fundamental para uma governação eficaz, e a sociedade está a viver as consequências disso.


Sukuma destacou que a falta de reconciliação genuína após os anos de guerra civil deixou cicatrizes profundas na sociedade moçambicana, afetando não só as relações políticas, mas também o processo de cura e união do povo. O músico lamentou ainda a ausência de um discurso de perdão e reconciliação, apontando que muitas feridas históricas permanecem abertas, o que contribui para a crise política contínua.


Jovens e a falta de educação

Outro ponto abordado por Sukuma foi a geração mais jovem de moçambicanos, que já nasce fora do contexto da luta pela independência e que não compartilha o mesmo compromisso histórico com o partido que liderou a libertação do país. Ele acredita que, devido à falta de uma educação robusta e transformadora, muitos jovens não possuem as ferramentas necessárias para entender e moldar o futuro de Moçambique, o que tem gerado um ciclo de protestos e manifestações, incluindo saques e vandalismos nas ruas.


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Sukuma criticou também a fragilidade do sistema educacional, que, segundo ele, não preparou a população para refletir criticamente sobre a sua própria realidade, o que levou a reações violentas após a divulgação dos resultados das últimas eleições. "O povo está a reagir da forma que foi educado", afirmou, atribuindo grande parte da responsabilidade pelos problemas sociais e políticos à governação e à falta de uma verdadeira reforma educacional.


Protestos e agitação social

A crise em Moçambique tem sido marcada por intensos protestos e manifestações, desde outubro de 2024, que contestam os resultados eleitorais de 9 de outubro, que deram vitória a Daniel Chapo, candidato da Frelimo. Os protestos, que começaram com grande força, continuam a afetar várias regiões do país, com reclamações sobre o aumento do custo de vida e outros problemas sociais. De acordo com a Plataforma Decide, as manifestações já causaram pelo menos 353 mortes, incluindo uma vintena de menores.


Além da perda de vidas humanas, o governo moçambicano confirmou também a destruição de mais de 1.600 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades de saúde. O músico Sukuma afirma que o cenário atual reflete um desajuste entre as necessidades da população e a resposta do governo.


A carreira de Stewart Sukuma

Stewart Sukuma é uma das grandes figuras da música moçambicana. Nascido em 1963 na província do Niassa, Sukuma ficou conhecido pelo seu trabalho na Orquestra Marrabenta Star e também por projetos como a Alambique, Mbila e Formação 82. Autor de álbuns como "Afrikiti", "Nkuvu" e "Boleia Africana", Sukuma tem sido uma referência na fusão da música tradicional moçambicana com estilos contemporâneos, como o afro, pop e jazz.


Em 1998, Sukuma deslocou-se para Boston, onde ingressou na prestigiada Berklee College of Music. O nome artístico "Stewart Sukuma" significa "Levantar" em Zulu e "Empurrar" em Suaíli, um reflexo do seu estilo musical vibrante e transformador.


B.N.


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