Deputadas transgénero denunciam discriminação nos vistos dos EUA
- Monica Stahelin
- 17 de abr.
- 2 min de leitura

Duas deputadas transgénero brasileiras denunciaram esta quinta-feira a emissão de vistos pelos Estados Unidos que as identificavam erroneamente como homens, ignorando a sua identidade de género. O incidente envolveu as deputadas Erika Hilton e Duda Salabert, que exigem explicações e consideram o episódio uma forma de "transfobia patrocinada pelo Estado".
Erika Hilton acusa discriminação e transfobia patrocinada pelo Estado
A primeira a denunciar o problema foi Erika Hilton, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Hilton, que tinha sido convidada a participar num evento organizado pela comunidade brasileira, pela Universidade de Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), decidiu cancelar a viagem após receber o visto que a identificava como homem.
“Estava preocupada com o tratamento que poderia receber no aeroporto, uma vez que o meu nome é feminino e o visto descrevia-me como homem”, explicou Hilton nas redes sociais.
A deputada afirmou que o equívoco refletia uma "transfobia institucionalizada", criticando diretamente a administração de Donald Trump, que recentemente implementou políticas controversas contra a comunidade LGBT.
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Hilton expressou ainda a sua preocupação com a violação dos documentos oficiais brasileiros, ressaltando que a alteração feita pelas autoridades norte-americanas era um atentado aos direitos dos cidadãos e à soberania do Brasil. A deputada anunciou que poderá recorrer às Comissões de Direitos Humanos das Nações Unidas e da Organização dos Estados Americanos (OEA) para formalizar uma queixa contra a discriminação.
Duda Salabert também é vítima de erro nos documentos
A segunda vítima da situação foi Duda Salabert, do Partido Democrático Trabalhista (DLP), que também teve o seu visto emitido com a identificação errada como homem, embora todos os seus documentos, incluindo a certidão de nascimento, a reconheçam como mulher.

Salabert tinha solicitado o visto para participar num curso de desenvolvimento infantil nos Estados Unidos, em parceria com a Universidade de Harvard. Para a deputada, o erro vai além da transfobia, representando "uma falta de respeito pela soberania do Brasil e pelos mais básicos direitos humanos".
Salabert apelou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro para interceder diplomáticamente e corrigir a situação.
Este episódio levanta questões sobre a política dos vistos dos Estados Unidos e a forma como os direitos das pessoas transgénero são reconhecidos internacionalmente, gerando um debate sobre a discriminação estrutural contra a comunidade LGBT em nível global.
M.S.
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