EUA vetam proposta do G7 para combater a ‘frota fantasma’ da Rússia
- Beatriz S. Nascimento
- 9 de mar.
- 3 min de leitura

Os Estados Unidos vetaram uma proposta do G7, que visava estabelecer uma força-tarefa para monitorizar e combater a chamada "frota fantasma" de petroleiros russos. Esta frota é composta por navios frequentemente envelhecidos, com uma estrutura de propriedade complexa e pouco transparente, com o objetivo de evitar as sanções impostas pelo Ocidente após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Esses petroleiros têm sido usados para transportar petróleo russo de forma clandestina, muitas vezes ignorando normas internacionais de segurança e ambientais.
Proposta Canadiana e Rejeição Americana
A proposta, apresentada pelo Canadá, tinha como objetivo criar um mecanismo de vigilância mais eficaz, com a finalidade de rastrear e monitorizar esses navios de forma a evitar que a Rússia consiga contornar as sanções ocidentais e continue a expandir suas exportações de petróleo. A medida foi sugerida à véspera da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, que aconteceu esta semana. Contudo, a posição dos Estados Unidos foi clara: a proposta foi rejeitada de forma formal, o que gerou preocupação em várias nações do G7.
Diplomatas que participaram das discussões relataram que a recusa norte-americana estava relacionada a uma “reavaliação da sua posição nas organizações multilaterais, tornando impossível a adesão a novas iniciativas”. Este comentário reflete um distanciamento das políticas multilaterais, algo que tem sido uma tendência nas políticas externas dos EUA recentemente. A administração norte-americana tem preferido focar-se em soluções bilaterais e menos em acordos coletivos, o que pode ter influenciado a sua decisão de vetar a proposta.
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Riscos Ambientais e a Ameaça de um Desastre
A preocupação com a frota fantasma da Rússia vai além das questões geopolíticas. O risco de um desastre ambiental, como um derrame de petróleo, tem aumentado, dada a idade avançada de muitos dos navios em operação e a falta de manutenção adequada. De acordo com uma investigação conduzida pelo Instituto de Economia da Escola de Kiev (KSE), a Rússia tem vindo a construir sua frota fantasma ao adquirir navios mais antigos, a preços mais baixos, frequentemente desrespeitando as leis internacionais de segurança marítima. A pesquisa alerta que, embora o objetivo de Moscovo seja contornar as sanções e continuar a exportar petróleo, o preço a pagar por essa estratégia pode ser elevado, especialmente no que diz respeito à segurança e ao meio ambiente.
A KSE afirmou que não se trata de "se" ocorrerá um desastre ambiental com esses navios, mas sim de "quando" ele acontecerá. A fragilidade do quadro regulamentar que supervisiona as atividades marítimas, junto ao aumento dramático da presença dos petroleiros fantasmas no comércio de petróleo russo, significa que o risco de um grande desastre ecológico é cada vez maior. O Instituto destacou que a combinação da falta de fiscalização eficaz e a operação de navios em condições precárias coloca em perigo não apenas a segurança marítima, mas também as águas internacionais e as populações que dependem desses ecossistemas.
Incidentes Recorrentes e Preocupações com a Segurança
Nos últimos anos, o número de incidentes envolvendo esses petroleiros tem aumentado. Um dos episódios mais preocupantes ocorreu em março do ano passado, quando um petroleiro de 15 anos colidiu com outro navio nas águas da Dinamarca. Embora a colisão não tenha causado um desastre grave, o incidente gerou um alarme significativo entre as autoridades marítimas europeias, que temem o impacto potencial de um acidente maior, como um derrame de petróleo de grandes proporções.
A situação tornou-se ainda mais urgente com a crescente presença desses navios na rota do petróleo russo. A falta de regulação eficaz permite que muitos desses petroleiros operem sem supervisão adequada, o que representa uma ameaça não apenas para a segurança da navegação, mas também para o meio ambiente, dado o risco de poluição marítima.
A rejeição da proposta do G7 pelos Estados Unidos reflete um conflito crescente sobre como lidar com a crescente ameaça representada pela frota fantasma da Rússia. A recusa americana destaca uma divisão nas abordagens para o problema, com alguns países do G7, como o Canadá, defendendo medidas mais drásticas, enquanto outros, como os EUA, mostram resistência a soluções multilaterais mais amplas. O desenrolar desta questão continua a ser um ponto de fricção nas relações internacionais, com implicações para a segurança global e a preservação ambiental.
B.N.
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