Falha evitável causou incêndio que paralisou Heathrow
- Monica Stahelin
- 2 de jul.
- 3 min de leitura

O incêndio que levou ao encerramento do Aeroporto de Heathrow durante grande parte do dia 21 de março teve origem numa falha técnica considerada evitável, segundo um relatório divulgado pelo Operador Nacional do Sistema de Energia (NESO). O documento conclui que a causa mais provável do incidente foi a presença de humidade num transformador da subestação de North Hyde — problema identificado já em 2018, mas que permaneceu sem qualquer intervenção.
De acordo com o relatório, amostras de óleo recolhidas nesse ano revelaram níveis elevados de humidade num dos isoladores eléctricos, conhecidos como “bushings”, componentes cuja substituição deveria ter sido imediata, conforme as orientações internas da National Grid Electricity Transmission (NGET). No entanto, apesar do registo do alerta no sistema digital da empresa, não foram aplicadas as medidas de mitigação adequadas.
A falha culminou num curto-circuito que incendiou o óleo do transformador, provocando uma “falha catastrófica” e o subsequente colapso energético que afetou operações críticas do aeroporto. Só por volta das 18h é que os voos puderam ser retomados.
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Críticas à resiliência da rede e resposta institucional
O relatório do NESO critica ainda a estrutura interna da rede eléctrica do Aeroporto de Heathrow, salientando que a perda de apenas um dos três pontos de alimentação foi suficiente para suspender as operações durante várias horas. Embora existissem planos de contingência, a sua execução implicava uma reconfiguração manual da rede, um processo moroso que podia levar até 12 horas. A possibilidade de tal falha não terá sido considerada provável pelas autoridades aeroportuárias, dada a expectativa de fiabilidade da rede fornecida pela National Grid.
Um porta-voz do aeroporto classificou o apagão como resultado direto da “falha da National Grid em manter a sua infraestrutura”, e reforçou que o relatório confirma “um conjunto de falhas regulatórias, lacunas de segurança e negligência técnica”.
Por seu lado, a National Grid reconheceu a gravidade da situação e garantiu já ter iniciado uma revisão completa dos seus processos de amostragem de óleo, bem como melhorias nas avaliações de risco de incêndio em infraestruturas críticas.
Ofgem abre inquérito e promete responsabilização
A entidade reguladora do sector energético, Ofgem, anunciou a abertura de uma investigação oficial ao incidente e à conduta da National Grid. O inquérito irá apurar se a empresa cumpriu as obrigações legais e as condições da sua licença de operação relativamente à manutenção e gestão da subestação de North Hyde.
“Foi uma falha técnica evitável que teve impacto global e afectou milhares de consumidores locais”, afirmou Akshay Kaul, director-geral de infraestruturas da Ofgem. A investigação será acompanhada por uma auditoria independente aos activos críticos da empresa, para determinar se se tratou de um caso isolado ou se há falhas sistémicas na rede da National Grid.
Apesar de considerar que o Reino Unido dispõe de uma das redes eléctricas mais fiáveis do mundo, Kaul reforça a importância do investimento contínuo na infraestrutura energética e deixou um aviso claro: “Esperamos que as empresas energéticas façam a manutenção adequada dos seus equipamentos. Quando tal não acontece, tomaremos medidas e responsabilizaremos os responsáveis.”
M.S.
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